Alerta: estiagens também acontecerão durante o desenvolvimento das plantas

Meteorologista da Somar explica porque é importante esperar as chuvas para iniciar a semeadura. Veja como serão as condições no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba

Daniel Popov, de São Paulo
O fato de que as chuvas irão atrasar para chegar já é mais do que conhecido entre os sojicultores do país, que ainda lutam contra a vontade de plantar no pó para abrir espaço para o milho 2ª safra. A novidade é que estas estiagens que assolam o país nestes primeiros meses da temporada podem surgir também em novembro e dezembro, atrapalhando a fase de desenvolvimento das plantas.

Esta discussão foi tema central na Abertura Nacional do Plantio da Soja, que aconteceu em Goioerê (PR) e foi liderada pelo diretor da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury. Durante seu painel o executivo explicou o que está influenciando para esta falta de chuvas. “Os oceanos estão com a temperatura das águas mais frias que o normal para o período. A consequência disso é justamente a diminuição das chuvas no decorrer do inverno”, conta ele. “Mas, ainda não podemos dizer que se trata de um La Niña, no qual os efeitos são parecidos.”

Segundo ele, esta redução na quantidade de chuvas deve persistir até pelo menos o primeiro trimestre do próximo ano. “Isso não quer dizer que não teremos chuvas, até porque a condição normal é ter mais precipitações durante a primavera e verão. Mas, que o volume pode ficar menor, isso pode. No Sul, por exemplo, isso pode trazer alguns períodos de estiagens, a partir de novembro”, conta ele.

Diante desta realidade, Etchichury alertou sobre os altos riscos de se plantar no pó, principalmente no Sul do país. “Esta safra teremos um verão menos chuvoso no Sul, com riscos de algumas estiagens. Se o produtor apostar em plantar no solo seco agora, contando que a planta irá se recuperar depois, pode ser surpreendido com um período sem chuvas. Levando em consideração que muitos optaram por materiais genéticos precoces, que são mais sensíveis a isso, o resultado pode ser bem ruim”, destaca.

Ainda durante o evento alguns especialistas disseram que, nesta safra, os produtores terão que escolher a prioridade: soja ou milho. “Que o clima vai atrapalhar a janela do plantio da soja, já sabemos. Agora, o produtor precisa ter na cabeça o que vai fazer? Aceita a falta de chuvas, atrasa o plantio da soja e garante uma boa germinação. Ou arrisca, planta no pó e torce para não ter períodos secos ou para a planta suportar um segundo estresse”, comentou o ex-secretário de políticas agrícolas e comentarista do Canal Rural, Benedito Rosa.

Plantio: veja quando chegarão as chuvas na sua região

Sul

Em boa parte do Paraná as chuvas devem chegar mesmo em meados de outubro. O solo tem alguma umidade, mas não para resistir tanto tempo sem água. No Rio Grande do Sul isso não será um problema, afinal, por lá, a semeadura começa mais tarde.

Centro-Oeste / Sudeste

Nestas regiões as chuvas também irão atrasar e diferente do Sul, nestes locais, não há muita água no solo, já que é um período mais seco. As perspectivas são que as precipitações começam no final de outubro, mas estabilidade mesmo só em novembro e ai sim recomposição do solo.

Matopiba / Nordeste

Para a região conhecida como Matopiba, que engloba a Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins a previsão é de que as chuvas demorarão ainda mais. Para meados de dezembro, inicio de janeiro. O especialista destaca no entanto, que se o produtor aguardar as chuvas para plantar, as chances de se dar bem no ano são boas.

Desenvolvimento: veja quando chegarão as chuvas na sua região

Sul

Segundo a meteorologia esta primavera e verão terão menos chuvas na região Sul. Com possibilidades de períodos de estiagens a partir de dezembro, meados de janeiro. Por isso a indicação é plantar na hora certa para que a planta tenha vigor para se manter durante as secas.

Centro-Oeste / Sudeste

Normalmente, o verão é bastante chuvoso no Centro-Oeste e parte do Sudeste, como a tendência para o ano é ter menos chuvas, essa equalização deve trazer um volume de chuvas satisfatório para toda esta região. Com redução de alagamentos e solos encharcados.

Matopiba

Por lá, o grande problema será mesmo o atraso no plantio. Depois, nas outras fases, o clima deve ser parecido com o ano passado e favorável para a soja. A condição não é ideal, mas de certa forma o produtor terá boas condições para o desenvolvimento da lavouras, já que em fevereiro e março a região terá boas chuvas para fechar o ciclo da lavoura.

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