Artigo: Proteção dos solos

Os solos podem ser protegidos com um conjunto de técnicas de preservação, que incluem sistemas onde se cultivam espécies que produzem grandes quantidades de palha

* Áureo Lantmann

Estivemos em Pato Branco no oeste do estado do Paraná, no dia 1º de novembro. Nesta etapa da Expedição Soja Brasil, nós já visitamos Londrina, Maringá, Campo Mourão, Cascavel e Toledo.

• Leia ao artigo anterior: Tecnologia e custo de produção da soja

O fato técnico que mais chama atenção é a enorme quantidade de solos descobertos, sem nenhum tipo de cobertura, isso é muito grave. Afinal, o solo e a terra são o grande patrimônio dos agricultores e também da nação brasileira. Os solos precisam ser protegidos.

A proteção de que eu trato deve ser contra: o calor promovido pelos raios solares, a erosão eólica provocada pelos ventos e também contra o escorrimento da água da chuva.

O calor pode afetar muito as condições microbiológicas dos solos. Um grande número de microrganismos, fungos, bactérias, actinomicetes e, principalmente, microrganismos solubilizadores, responsáveis pela oferta de nutrientes para as plantas são muito afetados pelo excesso de calor na camada superficial e tudo isso diminui a fertilidade dos solos.

A erosão eólica arrasta, pela ação do vento, grande quantidade de areia e argila da camada superficial dos solos.

As águas das chuvas, a mais séria, produz uma série de fatos negativos nos solos. O impacto das gotas de chuvas contra o solo destroem as estruturas dos solos e o arrasto de grande quantidade de nutrientes quando há escorrimento de água na superfície.

Os efeitos negativos do calor, dos ventos e das águas podem ser evitados, em todas as regiões produtoras de soja no Brasil. Os solos podem ser protegidos com um conjunto de técnicas de preservação, que incluem sistemas onde se cultivam espécies que produzem grandes quantidades de palha.

Milheto, braquiária, aveia e trigo, são espécies que produzem palha com relação C/N alta, de decomposição lenta. O cultivo do milheto, solteiro, durante dois meses, produz palha suficiente para proteção do solo durante todo o ano assim como a braquiária cultivada em consorcio com o milho safrinha.

Os bons efeitos de adubos químicos são comprometidos, quando: os solos não oferece umidade, ação dos microrganismos e temperaturas amenas, para a efetivação das reações químicas necessárias nos processos de solubilização dos nutrientes.

Os solos precisam ser protegidos.

*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013