Colheita da soja avança rápido nos EUA e preços batem pior patamar em 10 anos

Outro fator que está pressionando as cotações é o embate entre os americanos e os chineses, com as novas taxações. Segundo o Rabobank, os preços ainda devem seguir pressionados até o fim do ano

A colheita da soja começou acelerada nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) até o dia 16 de setembro a área colhida estava em torno de 6%, contra os 4% do ano passado e 3% da média histórica. Com isso, as cotações da oleaginosa abriram o dia em nova queda, ajudado pela intensificação do embate entre China e Estados Unidos, com possibilidade de novas taxas anunciadas pelo presidente Donald Trump.

Os contratos da soja em grão com entrega em novembro abriram o dia cotados a US$ 8,21, e atingiram um dos piores patamares em dez anos, com a mínima de US$ 8,12 por bushel. A posição janeiro teve cotação de US$ 8,35 por bushel e bateu a mínima de 8,26. “Em 5 de dezembro de 2008 o preço praticado era de US$ 7,83 por bushel”, diz Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado.

Ontem, o mercado sentiu a pressão exercida pela possibilidade da administração Trump anunciar mais medidas protecionistas contra a China.

Milho

A colheita da safra 2018/19 de milho nos Estados Unidos atingiu 9% da área plantada na semana passada, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 17, pelo Departamento de Agricultura do país (USDA). Os trabalhos de campo estão levemente adiantados em relação ao período correspondente do ano passado (7%) e à média dos cinco anos anteriores (6%).

Segundo o USDA, 68% da safra de milho apresentava condição boa ou excelente até o último domingo (16), sem variação ante a semana anterior. Na época correspondente do ano passado, essa parcela era de 61%.

Rabobank faz projeção para os preços

O embate entre China e Estados Unidos ainda deve guiar os preços da soja em Chicago até fim do ano, afirma o Rabobank. Segundo o banco em função da limitação de alternativas de substitutos no mercado, a China ainda irá demandar entre 15 e 20 milhões de toneladas de soja no último trimestre de 2018.

Nesse cenário, com baixo volume disponível no Brasil, a expectativa é que os americanos forneçam a maior parte desse volume para os chineses, o que daria suporte aos preços. A manutenção das tarifas de importação da China, porém, colocaria um teto no avanço das cotações. A estimativa é que os preços da soja retomariam para patamares entre US$ 8,70 e US$ 9 por bushel.

Em caso de suspensão temporária das tarifas de importação da China no último trimestre (ou ainda um eventual acordo comercial), Chicago pode encontrar ainda mais suporte e se sustentar em um patamar entre US$ 9,25 e US$ 9,75 por bushel. Nesse cenário, porém, os prêmios portuários no Brasil para o início de 2019, atualmente em US$ 1,00 por bushel, tendem a recuar.

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