CTNBio aprova soja Bt resistente a lagartas e tolerante a três herbicidas

Nova tecnologia pertence à Dow AgroSciences e foi aprovada na Argentina no ano passado herbicidas

Daniel Popov, com informações do CIB
Uma nova variedade de soja Bt foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na reunião plenária de agosto, para plantio, consumo humano e animal. Além da resistência a insetos, este grão geneticamente modificado (GM) apresenta tolerância a três herbicidas: glifosato, glufosinato de amônio e ácido diclorofenoxiacético. As informações são do Conselho de Informações de Biotecnologias (CIB).

A nova tecnologia pertence à empresa Dow AgroSciences, foi batizada de Conkesta Enlist E3™ e é o primeiro produto liberado pela CTNBio a reunir, em um único evento, genes para resistência de insetos e tolerância a três herbicidas diferentes. 

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Após esta aprovação da CTNBio, a empresa precisa agora da autorização e registro do Ministério da Agricultura (Mapa). Para somente então comercializar o produto no país. Vale ressaltar que essa mesma tecnologia já tem liberação na Argentina desde o ano passado, mas também não está sendo comercializada por lá, garante a empresa. Ainda não há data definida para o lançamento mundial, informou a Dow AgroSciences.

A nova variedade de soja transgênica foi obtida através do cruzamento dos eventos DAS-44406-6 x DAS-81419-2 e contém dois genes (cry1Ac e cry1F) referentes à resistência de insetos e três (aad-12, 2mepsps e pat) relativos à tolerância a herbicidas.

Os genes cry são provenientes da bactéria de solo Bacillus thuringiensis (Bt) e têm ação inseticida. Já o aad-12 vem da bactéria de solo Delftia acidovorans e confere tolerância ao 2,4-D. O 2mepsps, por sua vez, é um gene retirado do milho e confere tolerância ao glifosato. E o pat provém da bactéria de solo Streptomyces viridochromogenes, responsável pela tolerância ao glufosinato de amônio.

Soja GM no Brasil

A primeira soja geneticamente modificada – Roundup Ready (RR), resistente ao herbicida glifosato – foi introduzida no País em 1998. Atualmente, há 14 variedades transgênicas aprovadas, sendo quatro delas Bt (resistentes a insetos como lagarta-da-soja, lagarta-das-maçãs, lagarta-elasmo, falsa-medideira, broca-das-axilas e mariposas do gênero Helicoverpa). A soja Bt teve sua primeira adoção no território nacional em 2013.

Em 2002, a adoção da soja GM no País era inferior a 20%, ao passo que hoje chega a 96,5%, segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA). Em relação à produtividade da soja, entre 1998 e 2017 houve um incremento de 43% no País, passando de 2,3 toneladas por hectare para 3,3 toneladas por hectare, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). No período de 1999-2017, a produção interna do grão também aumentou 271% e a área cultivada, 162%.

Lei de Biossegurança e CTNBio

Desde 2005, a Lei de Biossegurança (11.105/05) estabelece, de forma clara, que compete à CTNBio a análise técnica da biossegurança dos organismos geneticamente modificados (OGM) sob os aspectos vegetal, ambiental e de saúde animal e humana. Além disso, a legislação estabelece como órgãos fiscalizadores o Mapa, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A legitimidade da CTNBio para fazer as análises é baseada no caráter de excelência científica de seus membros. São 27 titulares e 27 suplentes, todos com título de doutor em áreas afins à biotecnologia. É fundamental que as decisões sobre o assunto sejam alicerçadas por avaliações de especialistas, que conhecem profundamente o funcionamento dos genes, a síntese de proteínas por eles codificadas e outros aspectos técnico-científicos.

Para trabalhar com OGM de acordo com a Lei de Biossegurança, toda instituição de pesquisa ou empresa precisa constituir uma Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), que é o ponto focal com a CTNBio. É isso que garante que a CTNBio monitore todos os processos de desenvolvimento de um novo OGM, antes de ele ser avaliado para aprovação comercial. É por todas essas características que o sistema regulatório brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais rígidos e estáveis.

Leia a notícia na integra no site do Boas Práticas Agronômicas, gerenciado pelo CIB

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