Variedade foi um divisor de águas no setor devido a sua produtividade e resistência a doenças. Ainda hoje serve de matéria prima para produção de um suco à base de soja
Quanto tempo uma variedade de soja convencional dura no mercado? Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), elas têm uma vida útil de mais ou menos cinco anos. Só que uma variedade convencional desenvolvida em 1995 pela entidade, segue na ativa, servindo inclusive como principal matéria prima de um famoso suco de soja vendido no Brasil.
Com um nome bastante sugestivo para a época, a soja convencional “Conquista” foi lançada em tempos que a produtividade média da oleaginosa no país patinava na casa de apenas 36 sacas por hectare, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Depois de 1995, o rendimento médio por hectare começou uma escalada subindo para 39 sacas em 1998, 45 sacas em 2002, 49 sacas em 2010 e 56 sacas no ano passado.
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A soja Conquista chegou a ocupar mais de três milhões de lavouras comerciais no país, marca que segundo a Epamig, nunca foi atingida por outra variedade convencional. “Ela também rompeu fronteiras com lavouras implantadas na África, América do Sul e Cuba. Tornou-se referência em genética para os pesquisadores devido a sua produtividade e resistência a doenças. A variedade contribuiu como doadora de genes que, hoje, estão em muitas variedades de sucesso. Há mais de uma década a soja Conquista vem servindo de matéria prima para produção de um suco a base de soja vastamente consumido no Brasil”, diz a entidade.
Nova tecnologia será lançada
Depois de perder mercado para a soja transgênica no território nacional, a soja convencional volta a ocupar mais espaço nas lavouras do Brasil. A expectativa da entidade para o ano é a área de plantio convencional aumentar 2% e chegar a 4% seguindo, principalmente, a demanda do mercado internacional, já que a Europa não abre mão dos produtos convencionais.
Com isso, uma nova cultivar desenvolvida pela Epamig em parceria com a Embrapa e a Fundação Triângulo está sendo multiplicada para entrar no mercado em 2019. A cultivar é precoce, com ciclo de 110 dias, crescimento indeterminado e com potencial de rendimento para ultrapassar 100 sacas por hectare. Trata-se de uma soja convencional com rendimento de grãos no mesmo patamar das melhores variedades transgênicas, promete a Epamig.
Linha do tempo
A Epamig lançou ainda, em parceria com a Embrapa e a Fundação Triângulo, outras variedades convencionais e transgênicas resistentes a doenças, pragas e clima, veja abaixo:
- Lançou a variedade de soja “Conquista”, em 1995, que já ocupou mais de três milhões de hectares cultivados comercialmente, no Brasil e países da América latina;
- Em 1997 lançou a 1ª cultivar de soja brasileira resistente ao nematoide de cisto;
- Em 2005 lançou a 1ª variedade de soja transgênica brasileira;
- Lançou em 2008 a 1ª cultivar de soja especial para alimentação humana (BRSMG 790A – “Soja de Minas”), adaptada ao Cerrado;
- Em 2011, a empresa lançou a soja de coloração marrom para alimentação humana (BRSMG 800A -“Soja de Minas”), que conquistou o 1º lugar, em 2012, no Prêmio Inovação Tecnológica do Fórum Nacional de Alimentação Escolar, na FERNEC – Federação Nacional das Empresas de Alimentação Coletiva – São Paulo (SP).
- Em 2015, foi lançada a terceira cultivar especial para alimentação humana, a BRSMG 715ª, de tegumento preto. Com um ciclo mais curto que as anteriores, ela é considerada muito mais macia e saborosa.
Projetos em andamento
- Seleção de genótipos de soja para qualidade de sementes quanto a maior tolerância à deterioração no campo.
- Desenvolvimento de cultivares de soja para os diversos sistemas de produção visando a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.
- Nematóides (soja louca). EPAMIG/EMBRAPA Soja.
- Avaliar a eficiência da co-inoculação nos parâmetros de nodulação e produtividade da soja.
- Desenvolvimento e avaliação tecnológica de linhagens de soja com características especiais para alimentação humana
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