Cultivo da soja com aplicação da rochagem, sim ou não?

Entenda alguns pontos necessários para tomar a decisão sobre usar a prática da rochagem, que devem ser considerados por agricultores e técnicos

Artigo: Áureo Lantmann
Em função do crescente aumento do custo de produção da soja, da necessidade cada vez maior de preservação ambiental, de se estabelecer um sistema agrícola sustentável, de ofertar solos com boa fertilidade para nutrir soja com alto potencial de rendimento e manter ativo o complexo biológico dos solos, buscam-se alternativas, além dos fertilizantes convencionais, para atender estas demandas.

O presente artigo aborda alguns pontos necessários para discussão e posterior decisão diante da pratica da rochagem, que devem ser considerados por agricultores e técnicos, como alternativa de adubação para a soja.

Dos itens que compõem o custo de produção da soja em solos brasileiros a adubação é o item mais caro, equivalente entre 25% a 35% do custo total dos insumos. Sendo assim, a definição da adubação em quantidades, formas de aplicação e composição dos adubos, devem referir-se sempre a critérios ajustados técnica e economicamente, para se evitar desperdício e maximizar o potencial deste insumo.

De forma geral o consumo de adubos para soja nos seis últimos anos aumentou em até 21%, de 334 quilos por hectare na safra 2009/2010, para 405 quilos por hectare na safra 2014/2015. Mas, isso não significou aumento de rendimentos. Conforme demonstrado na tabela abaixo:

grafico aureo

Com base nestes dados é possível observar que a quantidade de adubos aplicado na soja não determina isoladamente ou necessariamente, o maior ou menor rendimento da soja. Outros fatores como condições climáticas, por exemplo, tem um peso muito importante na composição da produtividade das culturas.

Uma das justificativas para a falta de uma correlação positiva entre o consumo de adubos e o rendimento da soja, são as condições físicas, químicas e biológicas dos solos que asseguram melhor aproveitamento dos fertilizantes, tais como quantidades de matéria orgânica, melhor retenção de umidade, níveis de acidez dos solos, solos descompactados e principalmente uma distribuição na profundidade do solo de nutrientes como o cálcio que assegura o bom desenvolvimento radicular.

Diante desse quadro, com respostas não necessariamente correlacionadas entre quantidades de adubos e rendimento da soja, e custo alto deste insumo, pesquisa-se alternativas para diminuir o custo com fertilizantes e maximizar o potencial dos adubos.

A rochagem é uma prática que consiste na aplicação de rochas moídas nos solos e surge como uma alternativa a complementar a adubação convencional. Tendo como objetivos principais, diminuir a dependência nacional de importação e consequentemente reduzir o custo de produção da soja. Vale lembrar que o Brasil tem uma quantidade imensa de rochas compostas com minerais essenciais à nutrição de plantas.  Entretanto, ao contrário dos fertilizantes mais convencionais, que possuem uma composição de nutrientes conhecidas, a concentração de nutrientes nas rochas é, geralmente baixa e muito variável, por exemplo em potássio.

Normalmente os adubos são formados da extração e concentração de determinados elementos químicos de rochas, que passam por tratamentos físicos, químicos ou térmicos, com objetivos de, transforma-los, em formas mais solúveis e assimiláveis pelas raízes.

personagem soja

No caso da rochagem, a rocha é basicamente moída e não sofre nenhum tratamento de solubilização, pressupondo que a acidez, a atividade biológica dos solos, e o tempo, irá solubilizar o conjunto de nutrientes que compõem a rocha.

Quanto à acidez e a atividade biológica dos solos agricultáveis, deve-se ressaltar alguns aspectos principais: a maioria das variedades de soja é desenvolvida para solos corrigidos, o que não favorece a solubilização de rochas. Para a atividade biológica mais eficiente na solubilização das rochas, há uma dependência direta de maiores teores de matéria orgânica nos solos, condição esta que não é encontrada em grandes áreas de cultivos de grãos.

Outros aspectos importantes, e que devem ser bem planejados, é a logística de transporte e de aplicação do pó de rocha. Quanto ao transporte, o frete deve ter um peso de destaque no custo, tendo em vista a baixa concentração de nutriente nas rochas e as distâncias percorridas entre os pontos de produção e as áreas de lavouras. Para a aplicação do pó de rocha, serão necessários ajustes nos equipamentos de adubação ou o uso de equipamentos de aplicação de calcário.

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Entretanto, existem trabalhos de pesquisa e de experimentação com agricultores com o uso de rochas moídas, com menor concentração de nutrientes e de menor solubilidade, como fosforitos, anfibolitos, micaxistos, fonolitos, entre outras que, aplicados isoladamente ou combinados com adubos convencionais e em solos com alta concentração de fósforo e de potássio, sugerem que a rochagem poderá ser uma alternativa de adubação.

AGRICULTURA PRECISA

A pratica da agricultura de precisão ou precisão na agricultura, não significa somente o uso de GPS, como uma excelente ferramenta de trabalho, mas de um conjunto de parâmetros, referencias e procedimentos que maximiza o uso de, inseticidas, fungicidas, herbicidas, de sementes e também de calagem e adubos.

Uma quantidade mais precisa de adubo não deve ser definida somente pelo resultado de analises de solo. Uma definição mais ajustada deve levar em conta o seguinte:

a) resultados de analises de solo;
b) as demandas nutricionais de cada cultura que compõem o sistema;
c) a evolução da fertilidade do solo, ou seja, pelos resultados de analises de solo observar, se os principais nutrientes estariam em disponibilidade crescente ou decrescente;
d) os rendimentos anteriores das culturas que compõem o sistema;
e) a situação de acidez do solo;
f) a capacidade de troca catiônica (CTC). É importante que os principais nutrientes estejam sempre acima do nível crítico.

Desta forma se tem uma quantidade de informações capaz de potencializar o uso de adubos, tais como,tabelas de adubação, modelos matemáticos e equações, montadas em função de curvas de respostas para macro e mironutrientes para diferentes, textura de solos, tempo de uso, níveis críticos de nutrientes, condições de acidez, e expectativa de rendimentos, indicam as quantidades adequadas de adubos e calcário para a totalidade do solos do território nacional.

No momento de alta competitividade, de necessidade de praticas de uma agricultura muito precisa, considerando que se tem varias referencias para quantificar os insumos necessários que conduzam a excelentes rendimentos da soja, não se tem, pelo menos ainda, referencias que assegurem, o quanto, o como, o porquê, se utilizar a rochagem.

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