Em ano de alto risco climático, Embrapa dá dicas para garantir uma boa lavoura de soja

A palhada é importante para não deixar o solo desprotegido, mas existem outras técnicas que aliadas podem render uma produtividade ainda mais elevada, mesmo com falta de chuvas

Nas últimas duas décadas, muito se falou sobre a importância do sistema Plantio Direto para as lavouras de soja. E os resultados mais substanciais são notados justamente em anos de anomalias climáticas, pois a técnica evita erosões, compactação do solo entre outros problemas. Para conseguir os melhores rendimentos, a Embrapa ressalta a necessidade de seguir três dicas fundamentais, que trarão ainda mais ganhos no longo prazo: cobertura do solo com plantas ou palha; diversificação de espécies cultivadas; e baixa mobilização/revolvimento do solo.

A inserção de braquiárias nos sistemas de produção de grãos, seja como forrageira ou planta de cobertura do solo, impacta positivamente nos dois primeiros fundamentos do sistema Plantio Direto. As braquiárias têm elevada capacidade de produção de biomassa, tanto na parte aérea, fornecendo ótima palhada para a implantação da soja em sucessão, como nas raízes, contribuindo muito para a estruturação do solo e incorporação de carbono orgânico em camadas mais profundas (abaixo de 20 cm).

Isso pode se refletir no aprimoramento dos fluxos de água, oxigênio e nutrientes no solo. Além disso, o cultivo de braquiárias em consórcio com o milho ou de forma solteira é uma oportunidade para diversificar os sistemas de produção, os quais, em geral, utilizam poucas espécies, como, por exemplo, a sucessão contínua soja/milho segunda safra.

Pesquisas da Embrapa comprovaram que o cultivo de braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis) e Piatã (Urochloa brizantha cv. BRS Piatã) na entressafra da soja, como cultura de cobertura, melhora vários atributos do solo, resultando em aumento de produtividade da soja em sucessão, se comparado ao pousio.

Um dos principais benefícios foi a redução da compactação do solo, medida por meio da resistência do solo à penetração. Mais do que isso, o estudo comprovou que os efeitos positivos das raízes das braquiárias sobre a soja foram muito mais importantes do que os efeitos da palha. Nesse caso, 70% do aumento de produtividade da soja em relação ao pousio no outono/inverno foi decorrente das raízes das braquiárias cultivadas na entressafra e apenas 30% foi decorrente da palha dessas espécies.

“Ou seja, comumente rotulamos um bom sistema com a expressão “plantio direto na palha”, quando o mais correto seria: “plantio direto com raízes e palha”, diz o pesquisador Alvadi Antonio Balbinot Junior.

Nesse contexto, nas regiões tropicais do Brasil, as braquiárias representam grande oportunidade para melhoria do sistema do Plantio Direto, sobretudo considerando sistemas que integram lavouras com a pecuária. Outro ponto importante é a necessidade de cuidados na inserção de braquiárias em áreas infestadas com o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), já que as braquiárias são hospedeiras desse parasita.

“O cultivo das braquiárias durante o outono-inverno aumentou a produtividade de grãos da soja em sucessão, em comparação ao pousio. O impacto das raízes das braquiárias sobre a produtividade é mais expressivo do que o da palha. A presença combinada de raízes e palha confere melhor desempenho à soja do que a presença isolada de raízes ou palha”, diz Balbinot Junior.

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