Embrapa desenvolve 1ª soja com tolerância a percevejo marrom

Nova variedade suporta o dobro de ataques deste inseto, diminui gastos com agroquímicos e possui boa produtividade

André Anelli, de Goiânia (GO)
Uma nova variedade de soja com tolerância a percevejos e garantia de boa produtividade pode chegar ao mercado em breve. A nova variedade desenvolvida pela Embrapa foi apresentada durante o Congresso Brasileiro de Soja, que acontece esta semana, em Goiás.

A primeira cultivar de soja com tolerância ao ataque de percevejos foi apresentada pela Embrapa. Desenvolvida por meio de melhoramento genético, tem alto potencial produtivo e suporta o dobro de ataque do inseto, sem reduzir o rendimento.

O líder do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa, Carlos Arrabal Arias explica que a pesquisa determina que uma planta sem resistência resiste a no máximo uma incidência de dois percevejos por pano de batida. Já a nova cultivar consegue suportar o dobro disso sem perder produtividade.

“Expomos os materiais genéticos a altas populações de percevejos, avaliamos não só a questão da resistência aos insetos, mas também a questão do potencial produtivo desses materiais. No final, pegamos os melhores materiais para reunir essas características e oferecer ao agricultor”, diz Arias.

Apesar da extrema importância desta variedade para as lavouras do país, ela ainda não tem data para chegar ao mercado. A pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann diz que os estudos foram focados na incidência do percevejo marrom, porque interfere na produtividade e é mais resistente a inseticidas. Com isso, a cultivar tem capacidade de resistir mais tempo ao ataque da praga sem os defensivos.

“Ela deve ter um caráter fisiológico, alguma coisa que faça com que se torne mais resistente ao percevejo. Pode ser pela queda rápida de vagens, quando elas são atacadas e uma reposição mais rápida também. Isso tudo ainda está em estudo, a gente ainda não tem uma conclusão”, revela a pesquisadora da Embrapa.

Inovação para o Matopiba

O desenvolvimento de variedades de soja mais resistentes pode ajudar a aumentar a produção em novas áreas, como no Matopiba. a região foi responsável por apenas 12% das 118 milhões de toneladas do grão produzidos na última safra.

“Isso deixaria a produtividade mais sustentável também. Reduzindo a aplicação desses inseticidas, logicamente se diminui o custo de produção e aumenta a sustentabilidade, evitando de colocar outros produtos de controle de insetos no ambiente”, diz o pesquisador Leonardo José Motta Campos.

Mas, o pesquisador diz que este não é o principal problema a ser superado na região. Técnicas como o plantio direto e a integração da lavoura com pecuária, precisam ser mais utilizadas, para garantir que o solo seja resistente ao calor.

“Nessa região temos muitos problemas com a questão climática, principalmente na distribuição de chuvas e temperaturas. Tudo que você puder fazer para aumentar o crescimento das raízes das plantas, isso vai ser muito importante para você aumentar a conservação de água no solo e para diminuir da superfície desse solo também”, diz Campos.

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