Embrapa lança variedade de soja tolerante à ferrugem para o Cerrado

Nova semente tem ciclo mais curto e ainda é altamente produtiva, com média acima de 60 sacas por hectare

Daniel Popov, de São Paulo
A ferrugem asiática continua trazendo dor de cabeça ao Brasil. Nesta temporada 2016/2017 415 casos foram registrados no país, pior resultado dos últimos quatro anos. Para piorar, a falta de rotação dos agroquímicos fez com que a doença ganhasse tolerância a estes combatentes. De olho neste problema, a Embrapa lançou uma variedade de soja com tolerância à ferrugem, voltada à região do Cerrado brasileiro.

Até hoje, as variedades tolerantes a doença foram lançadas para a região Sul do país, que historicamente apresenta um índice mais de casos, explica o pesquisador da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva Neto. Esta nova variedade voltada ao Cerrado atenderá o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, parte de Minas Gerais e São Paulo, que juntas são responsável por pelo menos 30% dos casos registrados da doença. “A BRS 7280 RR é transgênica, resistente ao herbicida glifosato, e associa a tolerância à ferrugem asiática da soja”, conta Neto.

Uma das principais vantagens desta nova variedade é que por ela ser tolerante à doença, ou seja, resistir mais a ela, o produtor economiza no uso de defensivos. “O produtor irá economizar, pelo menos, metade das aplicações que sempre faz. Não recomendamos eliminar totalmente os fungicidas, pois o fungo, dependendo do tamanho da infestação, pode adquirir resistência à planta”, comenta o pesquisador.

Ainda pensando nas necessidades de quem produz nesta região, a variedade é de ciclo precoce, ou seja, está pronta em 105 dias e rende uma produtividade média de 60 sacas por hectare. “Quem produz soja no Cerrado, muitas vezes precisa adiar o plantio por falta de chuvas e tentar colher o quanto antes para cultivar a segunda safra. Esta variedade é pensada para isso, pois abre uma janela maior de possibilidades”, diz ele. “Sem falar que rende o mesmo que uma variedade de ciclo normal.”

O pesquisador garante que a BRS 7280 RR, que não cobra royalties, já está disponível no mercado, mas reitera que a demanda pela semente é que aumentará a oferta dela no mercado. “Acho que no ano que vem terá ainda mais e assim ela chegará a todos”, comenta Neto.

Apesar da inovação, esta nova variedade também precisa ser protegida, como os agroquímicos, para que a doença não crie resistência. Segundo o pesquisador a rotação de variedades e agroquímicos segue como prioridade, assim como a manutenção do refúgio.

Superprecocidade na soja convencional

Outra novidade lançada pela Embrapa, mostrando que ela está de olho nas necessidades do mercado, é a BRS 6980 que apresenta superprecocidade, viabilizando a segunda safra de milho, além de alto potencial produtivo, como a anterior. “Ela fecha o ciclo com 95 dias, voltado a este mercado que cada vez mais demanda produtos sem transgenia. A ideia foi aliar esta necessidade há um tempo menor de cultivo, algo quase inexistente no mercado. O produtor está de olho naquele prêmio que hoje gira em torno de 20%”, conta Neto.

O potencial produtivo desta variedade também é bem elevado, se comparado aos produtos que estão no mercado. A média produtiva é de 60 sacas por hectare e a planta ainda é resistente as principais pragas da cultura. “Esta variedade não é tolerante a ferrugem e nematoides, mas atende outras doenças muito comuns na região”, diz ele.

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