EUA: entenda os fatores que podem mexer com os preços da soja em agosto

Chuvas e secas, relatório de produção e também de condições de lavouras têm deixado mercado da soja extremamente volátil nos últimos meses. Analista ajuda a entender o que pode mudar volátil

Daniel Popov, de São Paulo
Com a safra americana chegando ao seu ponto crítico, ou seja, momento em que as lavouras já estabelecidas mostrarão ou não potencial de um bom desenvolvimento, alguns fatores podem dar uma ideia do que vem pela frente.

Clima

O primeiro ponto é o clima. Desde o final da semeadura nos EUA, em meados de junho, este era o principal objeto de observação do mercado para definir as cotações da oleaginosa. Em julho, em vários momentos, faltou chuva no cinturão agrícola dos Estados Unidos e o Departamento de Agricultura (USDA), chegou a reduzir o número de lavouras em boas ou excelentes condições.

Depois de algumas chuvas no final do mês passado, as perspectivas americanas mudaram e o número de lavouras em boas ou excelentes condições aumentou. No relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 7, o USDA considerou que 60% das lavouras estão em ótimas condições, elevação de 1% ante a semana passada.

Mas, se a coisa estava melhorando, a meteorologia chegou com notícias nem tão boas assim. A perspectiva é que nos próximos 10 dias chova pouco no cinturão agrícola dos EUA. “Tem previsão de chuvas para os Estados Unidos, mas só nas áreas ao Sul do país. No caso das áreas ao Norte, pegando o cinturão de grãos, terão no máximo 5 milímetros até o dia 12 de agosto. E na próxima semana a previsão se repete”, afirma a meteorologista da Soma, Desirée Brandt.

Relatório do dia 10

O USDA deverá reduzir a sua estimativa para a safra 2017/2018 americana e cortar também a previsão para os estoques de passagem da soja. Os estoques finais da safra 2016/2017 também serão reduzidos, aponta a consultoria Safras & Mercado. O relatório de julho será divulgado nesta quinta, dia 10, às 13hs.

Produção americana

Média Analistas e traders consultados pelas agências internacionais indicam previsão de safra de 114,3 milhões de toneladas na safra 2017/2018. Em julho, a indicação era de quase 116 milhões. Em 2016/2017, os americanos colheram 117,2 milhões de toneladas.

Estoque de passagem

Média O mercado projeta estoques 2016/2017 de 10,9 milhões de toneladas. Em julho, o USDA indicou estoques 11,1 milhões de toneladas. Para 2017/2018, o Departamento deverá indicar estoques de 11,5 milhões de toneladas. No mês anterior, o número ficou em 17,4 milhões de toneladas.

Análise do especialista

Para o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, o mercado não deve ver grandes mudanças nos preços com este relatório. Salvo, é claro, se os números apresentados fugirem de uma lógica normal. Para entender as possibilidades serão destacadas três possibilidades:

1 – Redução esperada: se o corte na produção americana for próximo as expectativas do mercado, ou no máximo uma diferença de 1 a 2 milhões para baixo, os preõs terão força para se manter acima dos US$ 9,50 por bushel, podendo chegar até 9,65.

2 – Redução maior: se a diminuição da produção americana for superior a 3 ou 4 milhões de toneladas da expectativa do mercado, há chances de as cotações ganharem força para tentar ficar acima dos US$ 10 por bushel.

3 – Aumento da produção: se por alguma razão os USDA aumentar ainda mais o tamanho da produção americana, contrariando tudo e todos, ai sim as cotações podem testar ficar na faixa dos US$ 9,20 por bushel.

“É difícil cravar algo com este relatório. O mercado está muito perdido ainda, agindo de forma contrária ao que deveria, elevando os preços com a melhora do clima e reduzindo com a piora, por exemplo”, afirma Gutierrez.

Por fim, o analista acredita que de qualquer maneira, independente do número, o mercado não deve fugir da linha entre 9,20 e US$ 10. “O clima ainda está dando o tom. Agosto tem previsão de chuvas boas e isso tem mantido as cotações acima dos US$ 9,50 por bushel, por exemplo. O produtor precisa continuar de olho em tudo e negociar sempre que possível”, finaliza.

Veja mais notícias sobre soja