Fretes: indefinição atrapalha safra de soja no Brasil e agora pode afetar exportações

Para analistas, o impasse da nova tabela tirou o ânimo dos produtores devido a elevação nos custos e importadores não sabem se podem contar com produto brasileiro

Henrique Bighetti, de São Paulo
A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos continua movimentando o mercado da soja. As tarifas impostas pelos asiáticos para o grão americano não impediram o aumento na demanda pela oleaginosa do país de Donald Trump. Já o Brasil, que poderia vender mais com esse embate, pode não conseguir isso. A indefinição na tabela do frete rodoviário, gerou incertezas sobre o potencial da safra nacional e consequentemente o mercado internacional já não sabe se poderá contar com o produto brasileiro.

De acordo com os dados da consultoria Informa Economics FNP, até o momento, as vendas antecipadas da safra de soja norte-americana para exportação ultrapassaram a marca de 10 milhões de toneladas, cerca de 3 milhões a mais em comparação com a mesma época do ano passado.

“Isso tem muito a ver com a baixa liquidez no Brasil e a preocupação do efeito da greve sobre a própria possibilidade de produção da soja aqui no Brasil. Tudo isso faz com que outros países ampliem o fluxo de operações nos Estados Unidos”, afirma o analista Aedson Pereira.

Essa elevação na demanda pela soja americana e a divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), sobre as condições das lavouras, resultaram em aumento de 1,5% nas cotações do grão na Bolsa de Chicago em apenas um dia. Para o analista, o cenário externo é oportuno para negociações, mas os problemas logísticos interno dificultam o fechamento de contratos.

“Ainda tem a oportunidade de fazer bons negócios, só que muitos ainda estão minimizado esta oportunidade, justamente por problemas e gargalos internos nos transportes”, conta Pereira. “No Brasil a comercialização da safra de soja 2018/2019 está atrasada. Até agora apenas 18% da produção do grão foi negociada.”

Na média histórica, a comercialização antecipada da soja brasileira para esta época do ano é de 25% sobre o volume de produção. Para outra analista o atraso pode prejudica o planejamento nas lavouras.

“O produtor tem todo um planejamento de safra antes do plantio acontecer. O que a gente vem acompanhando é um retardamento desse planejamento. Eles planejam a entrega de insumos e assim ajustam a parte logística do escoamento. Mas nesse momento está todo mundo esperando o que será resolvido sobre os fretes”, conta Laura Menegatti, da MBagro

Para os analistas, a indefinição no custo do frete rodoviário pode contaminar o crescimento da próxima safra brasileira de soja. “Isso trava a liquidez do mercado, gera aumento no custo de insumos e ao mesmo tempo prejudica a antecipação dos negócios. Afetando completamente a dinâmica das operações antecipadas no Brasil. Isso pode afugentar aquela euforia diante de uma expansão maior de área de soja”, diz.

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