Gastos com plantas daninhas podem ficar 400% mais altos

Pesquisadores alertam que uso indiscriminado e continuo do glifosato gerou resistência em ervas invasoras

Os gastos com herbicidas para controle de plantas daninhas podem ficar até 400% mais elevados para os produtores de algumas regiões do país na safra 2016/2017, garante o pesquisador da entidade Fernando Adegas. Isso porque, o uso indiscriminado e continuo de um único herbicida, o glifosato, acabou favorecendo o crescimento de invasoras resistentes ao produto mais popular do mercado.

A afirmação dada durante o Congresso “Ciência das Plantas Daninhas”, que o pesquisador preside, gerou grande furor entre os pesquisadores participantes, que externaram a preocupação que este mesmo efeito possa atingir outros herbicidas do mercado. A pesquisadora Nilda Burgos, da Universidade de Arkansas, nos Estados Unidos inclusive relembrou o caso de uma daninha que já se tornou resistente a mais de um herbicida, o Caruru Gigante (Amaranthus palmeri), que inclusive já foi encontrado em Mato Grosso recentemente.

Segundo ela o combate das plantas daninhas é único em cada situação, sofrendo influencia de diversos fatores. “Para implementar soluções precisamos conhecer o que aconteceu antes naquele campo. A velocidade com que os plantas daninhas estão se espalhando”, reitera Nilda. “Essas e outras perguntas, determinam as ações que podemos adotar para controlar a população de plantas daninhas em cada lavoura.”

O pesquisador da Embrapa contou que áreas do Brasil inteiro possuem plantas daninhas resistentes, mas que os produtores da região Sul terão casos mais complicados. “Esse será um dos principais entraves desta safra”, conta Adegas. “Existem várias práticas para evitar estes custos tão elevados. O ideal é não deixar chegar a um nível incontrolável.”

A dica deixada por Adegas é planejar o combate às plantas daninhas considerando diferentes estratégias, princípios ativos e modos de ação, garantindo assim a eficácia no controle das plantas invasoras e não acelerarando o processo de seleção de plantas daninhas resistentes. “Devemos ser mais preventivos do que reativos para evitar problemas ainda mais graves”, finaliza.

Assista a entrevista exclusiva do pesquisador para o Programa Mercado e Companhia: