Sojicultores já haviam gastado R$ 25 milhões para asfaltar 33 quilômetros. Restante da obra demorará quase o dobro do tempo para ser concluída com o dinheiro público
Daniel Popov, de São Paulo
Há um ano os produtores de soja e milho da região médio-norte de Mato Grosso, já cansados de esperar a iniciativa pública, investiram R$ 25 milhões do próprio bolso para adequar e asfaltar 33 quilômetros da rodovia MT-388, importante saída para escoamento de grãos. O governo do estado, por sua vez, prometeu naquela época construir o restante o quanto antes. Ontem, dia 18, o governador de Mato Grosso Pedro Taques, esteve no local e autorizou a realização de parte da obra.
Quando a iniciativa partiu dos produtores, em seis meses, 33 quilômetros da rodovia foram construídos, mas o governo do estado deve demorar até 2019 para concluir o restante da obra, estimada em 45 quilômetros.
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Segundo o presidente da Associação dos Produtores da 388, Alfredo Tomé, presente durante a visita do governador no local das obras, desde a promessa no ano passado as coisas estavam devagar. “Somente no meio deste ano, após muitos pedidos, uma empresa contratada pelo governo do estado iniciou os trabalhos em 12 quilômetros da estrada”, conta Tomé. “Eles fizeram a terraplanagem e preparam tudo para o asfaltamento, mas sem verba, pararam tudo.”
A preocupação dos produtores locais é que o trabalho realizado pela empresa fosse abandonado, caso o governo não liberasse os recursos. “Estávamos esperando essa visita para confirmar se iriam ou não liberar o dinheiro para a obra. Senão liberassem, iriamos interditar a rodovia”, garante o produtor e presidente da entidade.
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Visita do governador e verba extra
A tão aguardada visita do governador Pedro Taques ao local aconteceu ontem, dia 18. Na ocasião, ele autorizou a empresa que fez a terraplanagem a concluir os trabalhos com o asfaltamento dos 12 km iniciados. “As obras reiniciam em dez dias e devem ser concluídas até o final do ano”, afirma Tomé. “Além disso, a empresa fará a manutenção do trecho de terra para garantir o escoamento da safra.”
Durante encontro o governador do estado disse não prometer coisas que não pode cumprir e garantiu que no ano quem, mesmo com as eleições, as obras na MT-388 não serão paralisadas. “Nós não prometemos o que não podemos concluir. Só assumimos compromissos que possam ser saudados. E quero aqui assumir um compromisso com vocês de Campos de Julio e Nova Lacerda. Vamos fazer o possível para que neste ano a empresa que está fazendo os trabalhos faça a manutenção sem pausas. Não pararemos em 2018, mesmo com a eleição”, garantiu Taques.
Segundo ele, outros 20 quilômetros serão asfaltados após março (final do período de chuvas), em uma obra que pode levar o restante do ano. Caso o andamento dos trabalhos seja mais rápido, os outros 13 km faltantes poderão ser iniciados ainda em 2018. “Isso é otimismo. A realidade é que os 45 km estarão somente em 2019”, comenta Tomé.
Mais obras em estradas
Recentemente um programa de parceria público-privada para concessão de 525 km de rodovias de Mato Grosso foi lançado pelo governo estadual. Na primeira fase, a expectativa é atrair investimentos privados na ordem de R$ 1,5 bilhão com a concessão de trechos de rodovias estaduais.
De acordo com o governo, a previsão é que sejam firmadas parcerias para a concessão das rodovias, com pagamento de pedágio. A previsão é de que os contratos tenham início ainda no primeiro semestre do ano que vem.
O ‘Pró Estrada Concessões’ é um programa de parcerias com o setor privado para concentrar investimentos na infraestrutura de logística e transporte de Mato Grosso. Atualmente, quase 700 km de rodovias estaduais são administrados por concessionárias. Nas duas fases do programa, o governo espera atingir mais de 3 mil quilômetros em 12 trechos de rodovias.
Inicialmente devem ser incluídos trechos da MT-100, passando por Alto Araguaia, da MT-246, no acesso ao município de Barra do Bugres, e na MT-320 em Alta Floresta.
Segundo o planejamento estratégico dos órgãos estaduais que atuam na área de concessões, em novembro será feita a publicação de edital, e, em dezembro, a previsão é que aconteça o leilão. Em março de 2018, o governo deve fazer a assinatura dos contratos para que até o fim do primeiro semestre as empresas comecem a atuar.
Já na segunda fase, serão incluídos no programa mais de 2.600 km, divididos em 12 trechos rodoviários. Todo o programa deve receber investimentos superiores a R$ 6 bilhões. Ao todo, serão concedidos (somadas as duas fases) 3.126 km de rodovias.
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