La Niña ou El Niño? Sem previsibilidade produtores têm que ficar atentos com os riscos de cada região
Daniel Popov, de São Paulo
Os problemas causados pelo mais forte El Niño dos últimos tempos ainda estão sendo contabilizados em diversas regiões do país. Enquanto isso, muitos produtores buscam todos os dias informações sobre as possíveis influencias do clima na próxima safra. Este é, inclusive, um dos temas mais aguardados no primeiro Fórum do Projeto Soja Brasil, da safra 2016/2017, que acontece em Cascavel, no dia 28 e contará com a palestra da meteorologista da Somar, Desirée Brandt.
Segundo ela, a cautela deve marcar os passos dos produtores nesta safra. Isso porque, até algumas semanas atrás a expectativa era de que um La Niña, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico se configuraria, mas isso pode não acontecer como esperado. “As últimas atualizações da previsão oceânica mostram que o clima pode não ficar como pensávamos. Pode ser que a La Niña venha com fraca intensidade, ou nem venha”, conta a meteorologista ao também considerar a possibilidade de uma neutralidade climática.
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Os efeitos de uma La Niña fraca poderiam até ser benéficos para algumas regiões do país, como o Matopiba, que engloba a Bahia, Maranhão Piauí e Tocantins. Isso porque, a região sofreu fortes estiagens por conta do El Niño este ano, com alguns produtores perdendo até 70% da sua safra de soja e a La Niña traria chuvas a estas localidades. “Mesmo que não tenhamos um La Niña forte, isso já ajudaria muito o nordeste brasileiro” considerou Desirée. “A esperança para a região é essa.”
Para o Sul do Brasil o efeito deste fenômeno seria o contrário do Matopiba, e traria seca, entretanto isso não seria um problema tão sério, conta a meteorologista. “O Rio Grande do sul, normalmente fica preocupado em anos de La Niña, pois no verão sempre falta chuva por lá. No entanto, o Sul vem de um período muito chuvoso e mesmo que ocorra uma estiagem na região, isso não será um grande problema”, afirma ela. “Mas nada disso é certo ainda, temos que esperar.”
Para complicar ainda mais as previsões sobre o clima para a safra 2016/2017, recentemente surgiu a possibilidade de que a La Niña, na verdade, dê espaço para um El Nino novamente. “A maior condição é para o La Niña, mas alguns modelos mostram um El Niño. Vamos supor que estes modelos estejam certos de que realmente ocorra um El Nino no começo do próximo ano. Até ele se configurar a safra de soja já terá terminado e os impactos não serão fortes”, pondera.
Por fim, a palestrante do segundo painel do dia intitulado “La Niña e mercado – Influencia do clima e da economia na safra 2016/2017”, que começará às 9:30hrs, recomendou aos produtores que plantam em área arriscadas para que considerem essa imprevisibilidade. “Se eu fosse um produtor rural eu não plantaria em áreas de risco, esse é um ano de incerteza, porque estamos passando por uma transição climática, não temos nada definido”, finaliza.
O evento, que será realizado na sede da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, localizado na Rodovia BR 277 KM 596, celebrará o Dia do Agricultor e marca o início da quinta temporada do Projeto Soja Brasil. Com realização do Canal Rural e da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Brasil (Aprosoja Brasil), o projeto tem objetivo de promover a capacitação dos profissionais do campo de todo o País por meio de cursos e palestras.
O fórum é aberto ao público e as inscrições gratuitas podem ser feitas através do link
