La Niña trará seca e preços da soja podem subir, apostam especialistas

Analistas de mercado afirmam que além de afetar a região Sul do Brasil, estiagens trarão problemas para o Paraguai e Argentina 

Roberta Silveira, de São Paulo
Daqui para frente, o clima na América do Sul vai ditar as cotações da soja no mercado internacional. Se o La Niña trouxer seca para o Sul do Brasil, isso também irá interferir no  clima do Paraguai e da Argentina e com isso, os preços podem subir. Para ajuda a volatilidade do câmbio também deve mexer com o mercado.

Na avaliação do mercado, o atraso no plantio da soja não deve prejudicar a safra pois ainda está dentro do calendário ideal para o cultivo. Mas, com a confirmação do fenômeno La Niña, ainda este ano, o clima pode ficar mais seco nos estados do Sul, Paraguai e Argentina e trazer perdas.

“Como a chuva chegou com certa abundância na região Sul, provavelmente as plantas de soja terão um enraizamento um pouco menor. Eventualmente, se tiver um veranico mais pronunciado na região, ai sim a produção pode ter  um problema”, diz Fernando Pimentel, sócio-diretor da Agrosecurity.

Não é a toa que este momento é chamado de mercado climático. E qualquer risco causado pelo clima pode fazer o preço do grão subir aqui e no exterior. “Se realmente entrar o La Niña e se confirmar uma seca na região sul da América do Sul, aí realmente terá uma tendência de preços mais firmes”, garante José Carlos Hausknecht, sócio da MB Agro.

Além do clima, a cotação do dólar também deve mexer com o preço da soja. Para 2018, é esperada maior volatilidade da moeda norte-americana por causa da eleição presidencial aqui no Brasil. “Para o lado da soja, ano de eleição não é um ano ruim. Normalmente dá muita oportunidade de boas vendas por conta deste movimento de instabilidade política”, conta Pimentel.

A negociação da safra 2017/2018 está lenta por causa do preço na Bolsa de Chicago. O valor da soja na casa dos US$ 9 por bushel, não está animando os produtores a negociar a produção. “Hoje, estamos falando de preço abaixo de US$ 10 por bushel. Mas, nestes valores mais próximos de US$ 10,50, acho que a comercialização vai andar mais rápido”, diz Pimentel.

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