Lagartas atacam e obrigam sojicultores a replantar

Spodopteras causaram danos a lavouras de soja em Mato Grosso. Especialistas garantem que não há alastramento e nem motivo para pânico generalizado

A safra de soja 2016/2017 realmente está complicada. A cada dia uma surpresa, uma dificuldade, uma batalha a ser disputada. O problema agora é o ataque de lagartas spodoptera, que estão dizimando as produções de municípios como Canarana e Cláudia, no Mato Grosso. Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), diante de tamanha destruição causada pela praga, parte das áreas afetadas precisarão ser replantadas.

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“Temos que matar um leão por dia”, a frase dita pelo engenheiro agrônomo e produtor rural Naildo Lopes, resume a safra 2016/2017. Depois de a falta de chuva atrasar o plantio em algumas regiões, no inicio da safra, a estiagem prolongada trazer danos na fase de vegetativa em outros locais, as pragas começam a dar o ar da graça. Apesar de alguns relatos do aparecimento de helicoverpas, quem está trazendo prejuízos as lavouras de soja são lagartas da espécie spodoptera, que também atacam o milho e braquiárias. “Este tempo mais seco tem favorecido a incidência destas lagartas”, conta Lopes.

Os relatos mais sérios sobre o ataque vieram das regiões de Canarana e Cláudia, em Mato Grosso. Um dos afetados é nada mais, nada menos que o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa. Ele explica que por lá a tecnologia implantada foi a Intacta, que é eficaz contra várias pragas, mas não contra a spodoptera. “A maioria dos produtores relatou que a tecnologia Intacta não está dando conta, o que é uma informação incorreta, afinal esta tecnologia não garante o controle da spodoptera”, conta Da Rosa. “É preciso fazer o controle com agroquímico caso a população encontrada seja elevada. Para isso é bom conversar com o técnico agrícola.”

Segundo a Monsanto, as espécies do gênero Spodoptera (S. frugiperda, S. eridania, S. cosmioides e S. albula) não são alvos da tecnologia Intacta RR2 PRO por serem naturalmente tolerantes à proteína Cry1Ac. Para o manejo destas espécies são necessárias outras medidas, tais como o Manejo Integrado de Pragas (MIP), a dessecação antecipada, o tratamento de sementes e pulverizações com inseticidas. 

Depois de notar que a população da lagarta era grande em sua lavoura, a estratégia usada pelo presidente da Aprosoja Brasil para  aplicar os agroquímicos foi esperar anoitecer e as pragas saírem de seus esconderijos para se alimentar, elevando assim a efetividade do controle. “Estas lagartas se escondem embaixo da palhada, ou em buracos no solo e a aplicação diurna não chega a elas”, garante. “Aqui estou conseguindo combater, mas em outros lugares a coisa está bem pior.”

Assista ao vídeo de um produtor desentocando a spodoptera do solo:


O presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin, disse que produtores do município de Alto Araguaia, que estão concluindo o plantio agora, relataram o ataque das lagartas desta espécie. Entretanto, por lá, a coisa ficou mais séria. “Parte das lavouras foram tão devastadas que os produtores já estão replantando”, diz Dalcin. “Os relatos garantem que por pano de batida são encontradas mais de 10 lagartas.”

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Segundo o engenheiro agrônomo Naildo Lopes é preciso fazer um manejo adequado contra estas pragas, com rotação de agroquímicos e aplicação no volume e momento correto. “Não existe aplicação preventiva de inseticidas, isso é gasto desnecessário. O ideal é conversar com o consultor agrícola da região e entender quando e como fazer o controle”, ressalta Lopes.

A primeira etapa é monitorar as lavouras, principalmente a noite, no caso destas pragas em específico, já que este é o horário comum de se alimentarem. “Durante o dia as lagartas não resistem a radiação solar e precisam se esconder”, conta. “Por isso é importante bater o pano a noite e saber exatamente o tamanho da infestação.”

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