Nem risco climático faz produtor optar por seguro rural nesta safra

Em Goiás, o longo período de estiagens assustou os produtores. Ainda assim, eles fecharam o seguro obrigados pelos bancos, com a quantidade mínima que podiam

André Anelli, de Montividiu (GO)
A chuva demorou para chegar para boa parte de Goiás, mas em alguns municípios, como Montividiu, no sudoeste do estado, os produtores já conseguiram finalizar o plantio da soja. Apesar destes problemas climáticos e as incertezas que eles geram para o resultado da produção, os sojicultores não estão contratando o seguro rural.

Na propriedade de Adriano Barzotto, o plantio dos 1,5 mil hectares com soja foi concluído, com atraso de pelo menos um mês por falta de chuvas. Ainda assim, a perspectiva é de uma produtividade média de 64 sacas por hectare. Com base no histórico das últimas safras, o produtor contratou o seguro agrícola em menos de um terço da área e só o fez porque foi obrigado.

“O seguro é obrigatório quando contratamos um financiamento junto a uma instituição oficial, como Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Não é uma venda casada, mas também não é um seguro feito para proteger o produtor. Ele é feito para proteger o banco”, conta Barzotto.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que apenas 8% da área agrícola do País está segurada  com subvenção do Governo Federal. Nos Estados Unidos, a adoção do recurso com subsídio do governo chega a 80%. Barzotto acredita que este patamar só será alcançado no Brasil quando o modelo de seguro passar a garantir a renda esperada pelo agricultor.

Na propriedade de Barzotto, onde não há histórico de frustração de safra, O correto seria um seguro com alíquota do prêmio mais baixa e também um seguro que, quando tivesse sinistro, também remunerasse o produtor de alguma forma, não simplesmente protegesse a dívida que ele contraiu com a instituição.

Se o produtor ainda não conta com um seguro ideal, o consultor do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann, dá dicas para diminuir as perdas na atividade. “A primeira preocupação é tratar do solo. Fazendo isso, qualquer outra tecnologia se adapta bem, vai dar resultado, maximizar o potencial da variedade e outras tecnologias. Barzotto fez aqui uma correção de perfil de solo, melhorou a atividade microbiana e também mantém o solo coberto. A soja dele passou por 20 dias sem chuvas e ainda assim preservou o seu potencial”, diz Lantmann.

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