Paraná recebe a Abertura Nacional da Colheita da Soja, a maior da história

Evento contou com a primeira participação oficial da ministra da Agricultura e tratou de assuntos como: clima, preços e reivindicações para destravar setor da soja

Daniel Popov, de São Paulo
O evento nem tinha começado e o clima entre os participantes da Abertura Nacional da Colheita da Soja, que aconteceu em Apucarana, nesta quinta-feira, dia 24, era de muita descontração, puxada pelo alto astral do anfitrião da fazenda Ubatuba, o apresentador Ratinho, e também pela presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O auditório lotado também pôde acompanhar importantes palestras sobre os rumos do setor e do clima, seguida pela famosa chuva de soja que marca a abertura simbólica da colheita no país.

A celebração foi contagiante e teve de tudo, começando com o apresentador Ratinho, dono da Fazendo Ubatuba, que recebeu o evento, participando de um test drive com um utilitário esportivo da Mitsubishi e depois inflamando a plateia com um discurso em favor do setor agrícola. Veja aqui a galeria de imagens do evento!

“Não estou tão acostumado a falar sério e estou feliz em o pessoal da soja ter escolhido minha fazenda para fazer essa celebração. A coisa está ruim em todo o país, mas a agricultura está segurando a peteca”, comentou. “Dá para preservar e produzir ao mesmo tempo, basta querer. Estamos numa nova fase, tem gente que trabalha e gente que atrapalha. Mas agora o time que trabalha está combatendo o time que atrapalha.”

Confira aqui como foi o test drive do Ratinho

A chegada da ministra Tereza Cristina gerou grande rebuliço entre os presentes, que a aplaudiram a cada instante durante todo o discurso. Este foi, inclusive, o primeiro evento oficial da ministra. “Essa é minha primeira visita oficial, não fui nem ao meu estado ainda, Mato Grosso do Sul. A cada ano esse evento da colheita cresce mais, mostrando a força da soja e da agricultura brasileira”, disse Tereza Cristina.

Bem diferente de outras ocasiões, a ministra fez um longo discurso, destacando entre os vários assuntos abordados que a tabela de frete nunca vai conseguir ser justa. “Basicamente, saiu um aumento em cima do IPCA, mas o frete tem tantas variáveis. São segmentos diferentes usando o transporte rodoviário. Não é tabelamento um justo”, afirmou. Leia na íntegra!1

Outra presença ilustre, nesse que é um dos maiores eventos já produzidos pelo Projeto Soja Brasil, foi o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior. Ele destacou que o país tem uma vocação para o agro e deve priorizar os incentivos para agregar valor à produção. “O Brasil tem grande conhecimento na agropecuária, nossa vocação é produzir alimentos para todo o planeta, assim como o Paraná, que é o maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo. Nosso desafio é industrializar os alimentos e as cooperativas têm um papel muito importante nisso”, disse Ratinho Júnior. “Das dez cooperativas mais importantes na América Latina, seis estão no Paraná.”

Por fim, a colheitadeira da Massey Fergunsson proporcionou a tão esperada chuva de soja, ainda na presença da ministra Tereza Cristina, o governador Ratinho Junior, o apresentador Ratinho, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, e o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira.

Clima

Uma das palestras mais esperadas do dia tratou das perspectivas do clima e de como os produtores devem analisar as informações que recebem sobre o tema. “Não existe receita de bolo, mas o produtor precisa identificar os riscos para depois aproveitar as oportunidades”, disse o meteorologista e diretor da Somar, Paulo Etchichury, resumindo como a interpretação correta das informações pode livrar o agricultor de surpresas desagradáveis com o clima. Confira aqui a reportagem na íntegra sobre essa palestra.

O meteorologista aproveitou para dar um breve panorama aos produtores sobre o clima para a segunda safra do ano. “Até a primeira quinzena de fevereiro, as condições climáticas serão desfavoráveis e faltará chuva para quem ainda precisa delas. O El Nino só deve influenciar o clima na segunda safra. e trará uma irregularidade nas chuvas”, afirmou.

Leia aqui as dicas dadas pelo especialista para garantir uma safra

Preços

Durante a roda de conversa do evento, o analista Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercado, estimou que a temporada 2018/2019 de soja deve totalizar 115,7 milhões de toneladas, com possibilidade de quebras ainda maiores. Mas os preços podem não subir como o esperado.

“No Norte e Nordeste, parte do Matopiba, ainda tem lavouras muito grandes. O El Ninõ é ruim para eles, o que pode ampliar a quebra”, disse o analista.

De acordo com o diretor da consultoria ARC Mercosul, Matheus Pereira, a temporada pode perder mais 7 milhões de toneladas até que o clima fique ideal.

Mas, segundo Barabach, as chances de essa quebra impulsionar os preços da soja não são tão grandes. “No ano passado, a safra da Argentina quebrou 20 milhões e a Bolsa de Chicago reagiu pouco. Mesmo que a nossa quebra chegasse a 20 milhões, manteríamos o volume da América do Sul no mesmo patamar”. Pereira corrobora ao afirmar que os estoques mundiais são estimados em 110 milhões de toneladas, o maior volume da história.

Confira aqui a palestra na íntegra!

Reivindicações do setor

A presença de tantas autoridades também serviu para que os representantes das entidades fizessem suas reivindicações de melhorias para o setor. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, falou sobre as condições enfrentadas pelos agricultores do país.

“Passei por várias lavouras e muitos produtores registram perdas irreversíveis. Temos um seguro rural que cobre poucas áreas, cerca de 14% de todas lavouras estão cobertas”, disse.

Clique no link para ver a pronta resposta da ministra desta e outras questões abordadas pelas entidades.

Assista abaixo o evento completo!

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