Personagem Soja Brasil será conhecido no dia 4 de abril, conheça os indicados!

O concurso cultural Personagem Soja Brasil visa valorizar pessoas envolvidas na cadeia produtiva do grão que possuem uma contribuição decisiva para o desenvolvimento e a história da soja no Brasil

O Canal Rural convidou os seus parceiros, patrocinadores e apoiadores para ajudar na indicação dos personagens referência em suas comunidades, divididos em duas categorias: produtores e pesquisadores. O público do Canal Rural ajudou a escolher o melhor produtor e o melhor pesquisador e, no dia 4 de abril, os vencedores serão apresentados em Brasília (DF), durante o evento de encerramento do Projeto Soja Brasil desta temporada.

Relembre abaixo os indicados e suas histórias:

Categoria Pesquisadores

Ademir Assis Henning

“Não adianta nada gerar uma pesquisa e ela ficar na guardada na gaveta”, foi com essa frase que o pesquisador da Embrapa Soja, Ademir Assis Henning, resumiu o seu sentimento sobre o conhecimento adquirido. Para ele, se a pesquisa não fosse compartilhada o Brasil não estaria no patamar de grande celeiro mundial de alimentos.

“O primeiro passo foi desenvolver variedades adaptadas as nossas condições, pois a soja é de região temperada, tanto que entrou pela Bahia, ressurgiu no Rio Grande do Sul e de lá se espalhou pelo país”, destaca ele.

Segundo o renomado engenheiro agrônomo, José de Barros França Neto, foi pela mãos de Henning que surgiu a primeira recomendação técnica para o tratamento das sementes da soja. “O Ademir participou ativamente no desenvolvimento várias tecnologias como a primeira recomendação técnica para o tratamento das sementes com fungicidas, que é uma das práticas mais usadas em toda a sojicultura nacional. Acreditamos que esse manejo é adotado por pelo menos 95% dos hectares com a oleaginosa”, diz Neto.

Henning é tão fã deste repasse de informações que faz cursos sobre tecnologias para a produção de sementes de soja, no qual aborda temas como: vigor, fisiologia, patologia e pragas. “Nestes cursos vem gente de empresas do Norte, Nordeste e até de outros países, para debater seus problemas conosco. Muitas vezes conseguimos encontrar uma solução para eles. E é nesse desafio que desenvolvemos novas tecnologias”, conta ele.

“Este importante pesquisador tem sido fundamental no treinamento de centenas de profissionais que estudam a área de patologia em sementes, Brasil afora”, diz o engenheiro agrônomo Amélio Dall’Agnol.

Celito Breda

Desde sempre a pesquisa estava como prioridade em sua vida e por isso, o engenheiro agrônomo Celito Breda, resolveu apostar suas fichas em uma empresa focada em pesquisa e consultoria agronômica especializada.

Sempre tive a curiosidade para pesquisar, isso em todos os lugares que trabalhei. Resolvi criar uma empresa de pesquisa que também fazia consultoria agronômica. Pois não acredito que apenas cinco visitas por ano, resolvem o problema dos agricultores”, diz Breda.

O principal negócio da empresa é a criação e a difusão de novas tecnologias através das pesquisas básicas, aplicadas às condições do campo, aumentando o grau de confiabilidade das recomendações técnicas.

Foi um grande sucesso isso, porque foi a primeira empresa a fazer um trabalho diferenciado como este. Fazemos até duas visitas semanais, inclusive com contrato de risco, pois se o produtor não produzir bem, ele nem paga o nosso trabalho. Isso é diferente do que o mercado oferece”, conta ele.

Hoje, a empresa é considerada a segunda maior de pesquisa agronômica da Bahia. Com mais de 100 hectares de campos de pesquisas espalhados pelo país. 40 só na Bahia.

“Gerencio as pesquisas da empresa e também ajudo nos treinamentos com os produtores. Mediante solicitação, vamos até a propriedade treiná-los para a identificação de doenças e pragas”, ressalta a engenheira agrônoma da empresa de Breda, Mônica Cagnin Martins.

Para Breda, existe uma necessidade de manejo adequado e, mais do que isso, do manejo coletivo de pragas, como o MIP (Manejo Integrado de Pragas). “Se um ou dois produtores não fizerem isso adequadamente, como o manejo da ferrugem, todos os produtores irão perder”, finaliza.

Leandro Zancanaro

Sua infância foi vivida toda nas fazendas da família. Capinando, ajudando na lida diária e com os animais. Naturalmente, seu gosto pela terra foi aumentando e por isso fez agronomia, mais especificamente na área de solos. Há 20 anos ele trabalha na Fundação Mato Grosso, onde comanda o projeto para manejo de fertilidade dos solos.

“A fundação Mato grosso iniciou as atividades em 1994, momento em que o estado passava muitas dificuldades, não haviam variedades resistentes as doenças e o trabalho dele foi muito importante para o desenvolvimento da agricultura local”, diz o também pesquisador Gilberto Goellner.

Nos últimos dez anos o pesquisador se dedicou ao sistema de produção integrada, que ao invés de focar em culturas isoladas, cria uma visão geral do plantio ao longo dos anos. E isso define a capacidade do solo de produzir.

“Começamos a perceber que em áreas já cultivadas há alguns anos, com a fertilidade química construida, havia muita diferença na produtividade. Mas não pela condição química isolada e sim pelo manejo do sistema de produção”, diz Zancanaro.

O pesquisador destaca que agora há um histórico longo para mensurar os resultados econômicos, agronômicos, de nutrientes e produtividades, sobre o estado  que interferem no sistema de produção e no resultado final.

“Aprendi muito com ele, pois é bastante curioso sobre sua área. Não se contenta em olhar a lavoura por cima, prefere ver os detalhes. E quando vamos com ele no campo temos que sujar as roupas porque ele anda bastante”, diz o engenheiro agronomo, Eros Bohac.

Alexandre Nepomuceno

Pesquisador da Embrapa Soja há 28 anos, os estudos estão em sua veia. Fez doutorado nos Estados Unidos, na especialidade de biologia molecular e fisiologia vegetal. Depois dois pós doutorados no Japão e, recentemente, coordenou o laboratório da Embrapa nos Estados Unidos.

“Hoje vivemos uma revolução na genética. Para ter um exemplo, o genoma sequencial da soja levou oito anos para ser realizado no passado, hoje fazemos isso em 4 horas”, ressalta Nepomuceno.

Umas das tecnologias que o pesquisador destacou é a edição do genoma, que elimina a necessidade dos transgênicos. “Podemos editar o genoma da planta para que ela se torne mais tolerante a seca, resistente a alguma doença, ou que absorva melhor os nutrientes”, explica ele.

Nepomuceno conta que depois de três anos de discussão, finalmente a CTNBio aprovou uma mudança na legislação brasileira para regulamentar estas novas tecnologias, colocando as instituições de pesquisas brasileiras de volta no jogo, que até agora era dominado por empresas privadas.

“Dia 7 de dezembro aprovamos a nova legislação brasileira, enquanto os Estados Unidos e Europa ainda discutem isso. O Brasil tem agora uma legislação muito clara, que dá segurança jurídica para as instituições de pesquisa, para que desenvolvam suas tecnologias e consigam colocá-las no mercado a custos bons”, diz o pesquisador

Para seu colega de profissão, César de Castro, este avanço nas pesquisas de biotecnologias são muito importantes para o avanço da agricultura mundial. “Cada vez mais, com a necessidade de aumentar a produção de alimentos, sob preceitos de qualidade e segurança alimentar, a biotecnologia tem se mostrado uma ferramenta especial, principalmente para a soja que ocupa 33 milhões de hectares”, diz.

Categoria Produtores

Roseli Giachini

As mulheres vem conseguindo seu espaço dentro do agronegócio. Mas, décadas atrás, eram poucas as que conseguiam liderar a produção. Além do trabalho no campo, ela ainda aperfeiçoou o seu conhecimento e se tornou doutora em agronomia.

Neta e filha de produtores rurais, Roseli está em Mato Grosso há mais de 30 anos, mais especificamente no município de Cláudia. “Tive a felicidade de vir para Mato Grosso há 30 anos e construir uma grande história no estado”, conta ela.

Roseli se formou engenheira agrônoma em 1990 e logo depois, com muita dedicação, se tornou especialista em produção e tecnologia de sementes. Querendo ainda mais conhecimento, ela concluiu um mestrado e doutorado em agricultura tropical. “Ela realmente enriquece o setor e dá voz as mulheres. E ela conquistou o seu espaço mesmo contra o preconceito”, ressalta o produtor Denis Berticelli.

A produtora rural lembra que quando chegou ao estado a situação era difícil, não haviam variedades adaptadas, nem informação sobre a época ideal para plantio ou manejo adaptado à região. “Conseguimos parcerias para as pesquisas e desenvolvemos materiais que melhor se adaptam, além de soluções para todos estes desafios que enfrentávamos”, conta ela.

Tamanho conhecimento e referência foi recompensado. Hoje, ela faz parte da equipe técnica de reavaliação de fungicidas contra a ferrugem da soja, junto ao Ministério da Agricultura. “Devo toda a bagagem técnica que tenho a ela, por ser uma profissional com grande conhecimento e ter dado a oportunidade de aprender tudo que sei hoje”, diz o engenheiro agrônomo, Vandrigo Cassini.

Marcos Seitz

Marcos Seitz faz parte da quarta geração de uma família que chegou ao país em 1951, refugiados da Alemanha, durante a segunda guerra mundial. Na bagagem havia apenas a experiência com a lida da terra. De lá para cá, o modo de manejar as lavouras e o dinamismo de seus descendentes fizeram das propriedades da família uma referência em produtividade de soja.

Para se ter uma ideia, Marcos Seitz conquistou, no ano passado, pela segunda vez, o título de maior produtividade nacional no Desafio do Cesb, com uma média de 149 sacas por hectare. “Os resultados que conseguimos nesse concurso mostram que estamos no caminho certo”, conta Marcos.

O conhecimento era tamanho que a família de Guarapuava, no Paraná, fundou a Cooperativa Agrária, uma das mais renomadas do país, ajudando também a desenvolver a agricultura local. “Nossos parentes começaram do nada e foram melhorando a agricultura da fazenda e da região. O Marcos mostrou que tem o mesmo sangue e ousadia e por isso merece o prêmio”, diz Helmuth Seitz.

Ao longo dos anos a propriedade recebeu diversas certificações pela qualidade e alta produtividade em diversas culturas, o que demonstra a expertise obtida. “Como é uma empresa familiar, cada integrante tem uma função. Eu trabalho com a gestão de pessoas e certificação rural e queremos sempre melhorar o padrão de nossos produtos”, finaliza Marcos.

Richard Franke Dijkstra

Produção sustentável com altas produtividades. Cada vez mais esta combinação parece possível na agropecuária brasileira. Mas, se hoje esta aposta é viável, isso foi graças a produtores, como Richard Franke Dijkstra, de Carambeí, no Paraná, que testaram e conseguiram provar que isso é possível.

Nascido dentro da fazenda, Dijkstra desde menino já ajudava seu pai na lida do campo. Além do aprendizado agronômico o produtor aprendeu uma lição que mudaria a maneira como pensamos a agricultura atualmente. “Meu pai me ensinou que temos que procurar fazer todo o esforço possível para preservar o solo e o meio ambiente. E além disso, cuidar de nossos funcionários”, relembra ele.

A fazenda é hoje um modelo de gestão e os ensinamentos do pai fazem com que ela consiga uma produtividade média superior a 76 sacas por hectare. O patriarca da família, foi um dos precursores do plantio direto no Brasil e se tornou referência nacional por suas ações ambientais.

“Para estas preservações é importante trabalhar sempre com a rotação de culturas na propriedade, com soja, milho, braquiárias e trigo. Estamos experimentando colocar mais culturas em algumas janelas que temos”, ressalta Dijkstra.

Outro cuidado adotado por Dijkstra, é uma evolução do aprendizado obtido anteriormente, que é fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP), mas tentar preservar os inimigos naturais dos insetos invasores. “Não se pode trabalhar em função do aparecimento das pragas. É preciso controlá-las antes e entender como o meio ambiente funciona. Nossa soja nem é intacta e os inimigos naturais das pragas estão atuando em equilíbrio com elas”, finaliza.

Roberto Chioquetta

Desbravar o Centro-Oeste em busca de uma vida melhor. Expandir a produção e ir testando aos poucos o que dá certo. Este roteiro parece familiar? Pois bem, esta também é a história do produtor rural Roberto Chioquetta, de Campo Novo do Parecis (MT), um dos candidatos a Personagem Soja Brasil da temporada 2017/2018.

O produtor conta que tudo começou em 1989 com o telefonema de seu irmão e uma proposta que iria mudar sua vida. “Recebi um convite de meu irmão para vir para cá, a área era pequena, poucos maquinários, uma sede pequena e um com barracão de madeira. Ele disse: você tem 5 minutos para decidir. Respondi que nem precisava disso e aceitei na hora”, comenta Chioquetta.

Assim como muitos, o começo foi complicado. A propriedade tinha apenas 200 hectares e muito trabalho pela frente. “Durante cinco anos as famílias dele, minha e dos funcionários dividiram a única casa que a fazenda tinha. A água vinha do rio e não tínhamos energia ou gás. O trabalho no campo era nossa vida”, relembra Chioquetta.

No inicio a área total da fazenda era de 200 hectares. Aumentou para 500 com arrendamentos foi crescendo. “Com o tempo eu e meu irmão fomos adquirindo novas áreas. Trabalhamos 17 anos como sócios. Mas, nos últimos 12 anos, seguimos cada um com suas áreas”, conta ele.

Para o filho de Roberto Chioquetta, o exemplo dado pelo pai o fez escolher a profissão e a vida que levaria dali para a frente. “O que me levou a fazer agronomia foi a alegria do meu pai ao me contar sobre como era ser um produtor rural e tudo que envolvia isso. Assim, naturalmente, segui os passos dele”, afirma Alexandre Chioquetta.