Segundo o presidente da Aprosoja Piauí, as precipitações em fevereiro serão fundamentais para a quebra não ser ainda maior. Colheita já começou em alguns municípios, veja o vídeo!
Daniel Popov, de São Paulo
Desde a temporada 2016/2017 o Piauí mudou de patamar na produção de soja e passou a colher mais de 2 milhões de toneladas por safra. Este ano não seria diferente, com a perspectiva de conseguir pelo menos 2,4 milhões de toneladas. Mas o clima atrapalhou, algumas lavouras ficaram até 30 dias sem água e agora o estado pode perder 20% do que esperava conseguir.
Normalmente o plantio da soja começa em novembro e dezembro no Piauí. Mas este ano ano as chuvas chegaram antes, com 100 milímetros acumulados (acima da média de 80 milímetros), e os produtores apostaram na antecipação. O regime de precipitações foi bom em novembro e começo de dezembro, trazendo grande otimismo.
Notícias Relacionadas
Nas áreas de Marcos César Jordão, tudo estava indo perfeitamente bem, até a metade de dezembro. Ele plantou 10 mil hectares com soja, parte no município de Ribeiro Gonçalves e parte em Baixa Grande do Ribeiro.
“O início da safra foi bom, germinou bem e as chuvas foram excelentes. Estava muito otimista com o ano e com a perspectiva de conseguir uma elevada produtividade”, relembra. Veja abaixo o vídeo e as fotos gravados na época!
Dezembro começou bem ali na região da Baixa Grande do Ribeiro, tanto que o volumes acumulados até o dia 10 atingiram 170 milímetros, ante os 186 mm da média histórica para o período. “Parecia que tudo caminharia bem, mas a partir dali o que se viu foi um forte veranico. Não foi generalizado e nem tão constante, já que alguns dias até choveu, mas com volumes insignificantes”, conta o presidente da Aprosoja Piauí, Alzir Aguiar Neto.
A falta de precipitações realmente não foi generalizada, mas alguns talhões de Jordão chegaram a ficar 30 dias de chuvas. “Os veranicos acabaram com nosso otimismo. Teve parte da fazenda que ficou até 30 dias sem chuvas. Agora elas voltaram, mas a produtividade não será a mesma e devemos ter uma quebra de pelo menos 10% se comparado ao ano passado”, afirma.
Para a Aprosoja Piauí a quebra deve ser de pelo menos 20% no estado, ou seja, a colheita deve ser de 1,94 milhão de toneladas. “O tempo está muito irregular. E pode agravar a condição das lavouras se as chuvas não voltarem. Quem plantou mais cedo e pegou estiagem no enchimento do grão, deve ter quebra superior a 30%. Os demais em torno de 20%”, diz o presidente da Aprosoja.
Chuvas e recuperação
Segundo a Somar Meteorologia, a partir de agora, a região de Baixa Grande do Ribeiro, deve receber 122 milímetros acumulados até o dia 18 de fevereiro, suficiente para recuperar parte das lavouras afetadas.
“Realmente tivemos falta de chuvas em dezembro e janeiro, o que afetou as lavouras novas, ou seja, áreas com até 3 anos, Nas áreas mais antigas o impacto foi um pouco menor. Com as chuvas d do final de janeiro, início de fevereiro a situação deu uma melhorada. Já o milho sofreu mais e tivemos até que replantar uma parte”, conta o produtor Karl Milla.
O condomínio agrícola Milla, plantou 13,3 mil hectares e parte começou a ser colhido nesta segunda-feira, dia 4. Veja o vídeo gravado abaixo!
“Trabalhamos atualmente com uma expectativa de colher 55 sacas de soja na média por hectare e 120 sacas de milho. Só depois que avançar, saberei o tamanho do meu prejuízo produtivo”, afirma o produtor.
Venda antecipada
O produtor Marcos César Jordão aproveitou os preços melhores no fim do ano passado para vender pelo menos 30% do que iria colher. O preço obtido nesta safra foi melhor que a do ano passado. “Vendemos antecipadamente 30% da safra a uma média de US$ 21. No ano passado a média foi de US$ 18,50, ou seja, está melhor sim. Mas o preço começou a cair agora”, conta.
Segundo ele atualmente os preços estão na casa de US$ 18 em sua região e vai esperar subir um pouco mais para fechar a safra com a média esperada. “Sempre trabalhamos com uma média de valores, nunca o preço individual. Se soubesse, talvez tivesse fechado mais. Agora vamos esperar subir um pouco para tentar fechar com uma média de US$ 20, pelo menos”, afirma.
Veja mais notícias sobre soja
