Pivô: gastos com energia estão 40% mais elevados

Produtores de Primavera do Leste, em Mato Grosso, pedem desconto na tarifa de energia elétrica para as áreas rurais

Enquanto alguns sojicultores aguardam as chuvas para iniciar o plantio, aqueles que contam com irrigação já semeam a oleaginosa desde o fim do vazio sanitário, no dia 16 de setembro, e esperam colher até cinco sacas de soja a mais que o sistema tradicional. Mas, esta técnica não traz só vantagens, afinal é preciso energia elétrica para tudo funcionar e os altos custos podem inviabilizar o seu uso.

O município de Primavera do Leste detém mais de 50% de toda área irrigada do Mato Grosso. São 230 equipamentos de irrigação espalhados por trinta e um mil hectares do município, que tem a agricultura como principal atividade econômica. Na propriedade de Marcos Roberto, a irrigação eleva sua produtividade média em até 5 sacas por hectare. “O pivô é um implemento caro, temos que usar o ano todo para compensar o investimento no equipamento”, conta Roberto.

Entretanto, o aumento na tarifa de energia elétrica pode atrapalhar os planos do agricultor e do estado, já que segundo o presidente do Sindicato Rural do município, José Nardes, esta alta deve afetar toda a região. “Tínhamos um subsídio de 30% na tarifa de energia, mas isto nos foi tirado há mais ou menos três anos, impactando violentamente no custo do pivô”, garante Nardes. “Os produtores que não plantam algodão ou multiplicam sementes de milho, ficaram em uma situação muito difícil em função do custo e energia.”

Na fazenda do sojicultor Marcos Roberto, dos dez mil hectares que planeja plantar nesta safra, 10% vai ser com irrigação. Mas, essa quantidade ainda pode ficar menor, já que a conta da energia aumentou quase 40% no ano passado com o uso dos pivôs. Segundo ele, se a situação perdurar, ficará inviável plantar o milho na safrinha em áreas irrigadas. “Eu gastava entre R$ 12 a R$ 14 mil por mês com os pivôs. Agora meus custos subiram para R$ 20 mil por mês. Assim fica inviável plantar milho”, conta ele.

O presidente do sindicato rural afirma que vai fazer um pedido formal ao Governo Estadual para o retorno do subsídio, mas sabe que a situação é delicada. “Estou esperando passar esta crise nacional para fazer o pedido. Todos sabemos o que aconteceu no nosso país e teremos que esperar um pouco para superar e voltar a ter esse incentivo do governo”, finaliza Nardes.