Preço baixo desestimula sojicultura em Minas Gerais

Além dos problemas com a comercialização, semeadura da oleaginosa segue com lentidão por conta do clima e traz preocupação aos produtores

O cultivo da soja no triângulo mineiro está irregular. Enquanto chove em uma cidade, em outra, bem próxima, não se vê nenhuma gota de chuva. Esta situação e os baixos preços pagos pela soja vem deixando os produtores bem cautelosos para esta safra. A saída pode ser plantar mais milho.

As chuvas mal distribuídas dificultam o avanço do plantio na região. Neste mês, o município de Uberlândia recebeu 150 milímetros acumulados, 20% a mais que a média história. O problema é que esta chuva volumosa, e capaz de aumentar a umidade do solo, se dividiu em apenas três dias. No restante do mês, sol forte e muito calor.

Na fazenda do agricultor Júlio César Pereira, mais de 90% dos 3,5 mil hectares de soja já foram plantados. O cultivo dos grãos teve início no começo de outubro, logo após o término do vazio sanitário. Segundo o produtor, o planejamento agrícola está adiantado, algo que não acontecia há muito tempo. “No ano passado, começamos a plantar dia 25 de outubro só. A média aqui em Uberlândia é semear entre o dia 10 e 15 de outubro. Estas chuvas anteciparam o plantio por aqui”, conta Pereira.

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Este produtor teve sorte, pois muitos outros da região ainda não conseguiram iniciar o plantio. De acordo com o levantamento realizado pela consultoria Céleres, até agora, apenas 5% de toda a área de soja estimada foi cultivada no estado.

Em Uberaba, cidade situada a menos de 100 quilômetros de Uberlândia, é uma desta que sofrem com o baixo volume de chuvas, 30% abaixo da média para o período, deixando os produtores cautelosos. “O agricultor está mais cauteloso por conta deste clima. Outra preocupação são as questões financeiras, já que estamos vindo de uma safrinha de milho péssima na região e o produtor está mais criterioso e vai esperar de fato o solo estar com a umidade adequada para evitar riscos”, ressalta Guilhermina Maria, coordenadora regional da Emater-MG.

Segundo levantamento da Céleres consultoria, a produção projetada de soja no estado é de 4,5 mil toneladas, números próximos do ciclo anterior. A área também deve ser praticamente a mesma, 1,5 mil hectares. “O preço da soja está muito vinculado a questões externas e vemos a bolsa de Chicago caindo, dólar desvalorizado e isso tudo atrapalha na formação de preço para soja. O produtor de Minas Gerais tende a olhar com mais carinho para milho do que para soja nesta safra”, conta Enilson Nogueira, analista de mercado da Céleres.

A área de milho, primeira safra, projetada para o estado é de 1 milhão de hectares, alta de 16% em relação ao ciclo passado. Já a produção total esperada é de 7 milhões de toneladas, 23% a mais em comparação com o ciclo anterior. “No mercado, a expectativa para março de 2017 é de preços bastante remuneradores. Especificamente para Uberlândia e Uberaba existe um enorme consumo de milho e isso deve impulsionar ainda mais os preços por lá e manter uma rentabilidade positiva para o produtor”, finaliza Nogueira.

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