Preço da soja sobe no Brasil e volta a patamares vistos em 2016

Em alguns portos preço da saca supera os R$ 80. Municípios mais distantes chegam a registrar até R$ 20 a mais por saca

Daniel Popov, de São Paulo
A quebra de safra esperada na Argentina, que alguns analistas acreditam superar os 10 milhões de toneladas, está ajudando a elevar os preços da commodity no Brasil e no mundo. No porto de Paranaguá, por exemplo, o valor do grão superou a casa dos R$ 80 por saca, números parecidos com os de 2016.

O preço da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) não supera a casa dos US$ 10 por bushel desde o começo do ano passado e a movimentação não durou muito. Os valores negociados atualmente na CBOT operam com altas consecutivas e os contratos com vencimento em maio de 2018, superam os US$ 10,73 por bushel.

“Em sessão volátil, o mercado tenta enfileirar a quinta alta consecutiva, levando o preço ao melhor patamar em mais de sete meses, seguindo a quebra da safra argentina”, comenta o analista de mercado Luiz Gutierrez.

Dólar ajuda

O dólar também tem um papel fundamental nesta safra. Segundo a Safras & Mercado ele abriu a semana negociado em alta refletindo o desempenho da moeda no exterior, que ganha da maioria das moedas de emergentes, como o real e de commodities. O dólar comercial opera com alta, cotado a R$ 3,25.

“O pano de fundo é uma elevada cautela com a medida protecionista dos Estados Unidos em relação à alta da tarifa de importação do aço e do alumínio, com rumores de que a sobretaxação deve ser oficializada pelo presidente Donald Trump e afetar a relação com a China”, afirma a consultoria.

Preço do mercado interno

Tudo isso fez com que os preços da soja no mercado interno brasileiro dessem um grande salto. O maior preço é registrado no porto de Paranaguá, com a saca sendo negociada a R$ 80, ou seja, 7% maior que o valor médio de fevereiro. Patamares como estes só foram visto no Brasil em 2016, ano que a saca quase chegou a R$ 100.

Todas as praças estão remunerando melhor a saca de soja, até mesmo aquelas localidades mais distantes dos portos que, no ano passado, chegaram a apresentar preços abaixo de R$ 60 por saca. Rondonópolis, em Mato Grosso é um destes casos. Por lá a saca foi negociada a uma média de R$ 58, em agosto e agora vale R$ 20 a mais.

Segundo o analista de mercado Luiz Gutierrez os produtores devem aproveitar o momento para fazer negócios e travar pelo menos os custos de produção. “Ainda que eles esperem altas nos preços mais para a frente, é importante negociarem alguma coisa neste momento, para evitar problemas caso os valores não superem a expectativa deles”, garante.

Veja abaixo como estão os valores atuais comparados a média do mês anterior:

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