Preços da soja seguem remuneradores no Brasil e no exterior

Confirmação de supersafra nos Estados Unidos assusta investidores, mas ainda assim cotações ficam praticamente estáveis e em patamares que trazem lucro

Daniel Popov, de São Paulo
Com a proximidade da colheita da supersafra americana de soja, na temporada 2017/2018, boa parte do mercado esperava que os preços caíssem bastante, mas por enquanto não é o que tem acontecido. A dica dos analistas é para que os produtores aproveitem e tentem antecipar um pouco mais suas negociações da nova safra.

A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o complexo soja operou o dia com preços significativamente mais altos para grão. Os contratos com vencimento em novembro (que serve como referência para os preços no mercado interno) de 2017 variaram o dia em torno de US$ 9,73 por bushel. Mas acabaram fechando com uma leve queda de 0,1%, a US$ 9,67 por bushel.

A posição janeiro de 2018 chegou a ser cotada nesta segunda, dia 18 a US$ 9,86 por bushel, mas acabou fechando mesmo em US$ 9,78 por bushel.

Mercado interno

No mercado interno brasileiro os preços da oleaginosa seguem em patamares parecidos como os vistos no mês anterior, Nos portos os valores superam a casa dos R$ 70 por saca. Em Santos (SP), por exemplo, os preços chegaram a R$ 71,5 por saca, contra uma média de R$ 69,8 do mês anterior. Em Paranaguá (PR) o valor chegou a R$ 70,5 e em Rio Grande (RS), R$ 71 por saca.

Nas praças mais distantes, como Rondonópolis (MT) o preço médio foi de R$ 60,5 por saca, contra a média de R$ 59, do mês de agosto. Passo Fundo foi a localidade longe dos portos com melhor valor, R$ 67,5 por saca. Enquanto em Dourados (MS), pior cotação, fechou a R$ 60 por saca.

Dica do especialista

Há algum tempo muitas consultorias e especialistas estão alertando os produtores sobre a necessidade de aprimorar os métodos de comercialização. Segundo Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, vender a soja quando o preço compensa não é uma forma válida de negociação.  “É preciso entender que se deixar para vender só quando o preço estiver melhor, é um risco muito alto. Porque se o preço não subir o produtor vai vender a qualquer valor? Toda a produção? Ou vai ficar esperando mais? Nós já sabemos a resposta”, diz.

O ideal é ir negociando a safra aos poucos, garante Gutierrez. Um preço ruim hoje, pode ser compensado com um melhor amanhã, fazendo na verdade um ganho médio na soja. “Exemplo: se eu vender parte da minha soja a R$ 60 por saca hoje, que é um valor baixo e conseguir negociar outra parte a R$ 70 em dezembro, que é bom para os valores atuais, conseguirei uma média de R$ 65 por saca, que não é tão ruim assim”, conta ele.

“Estes fatores mostram que a oferta de soja será ainda maior nesta temporada, e por mais que pareça que os valores já estão baixos hoje, tudo indica que eles têm fatores para cair ainda mais“, afirma Gutierrez. “Daqui a pouco os americanos voltarão ao mercado vendendo tudo e derrubando preços. Como fizeram na safra passada. O produtor ainda tem esta lembrança na cabeça, precisa fazer algo para mudar.”

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