Produtividade da soja é a mesma há 15 anos

Volume médio nacional está bem abaixo do valor insistentemente divulgado em apresentações de empresas, governo e entidades do setor

Daniel Popov
Entre um discurso e outro de empresas, palestras de especialistas e até mesmo a base para cálculos das seguradoras agrícolas consideram que a produtividade média da soja brasileira é de 50 sacas por hectare. Mas, essa informação tão difundida nunca esteve tão errada, é bem menos que isso afirmou o pesquisador e especialista em solo da Embrapa, José Dernadin durante a sua palestra “Manejo de solo para a alta produtividade”, no 2º Fórum Soja Brasil, que aconteceu em Esteio, no Rio Grande do Sul.

A notícia ruim não para por ai, segundo uma análise rápida nos números levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) demonstra que a produtividade atual da oleaginosa é a mesma de 15 anos atrás, ou seja, quase 46 sacas por hectare. A média brasileira está ainda pior 45 sacas por hectare.

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Para os que acham que isso é causado por Estados menos evoluídos na produção de soja, se enganam completamente. O Rio grande do Sul possui uma produtividade média de 2001 até hoje na casa das 35 sacas por hectare, em Santa Catarina ela sobe para 44 sacas por hectare, seguido pela Paraná com 47 sacas e por fim o Mato Grosso que chega nas 50 sacas de média.

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Segundo o pesquisador, a falta do manejo adequado do solo tem limitado a produtividade e entre os principais problemas que contribuíram para esta estagnação é a baixa diversificação de culturas, no sistema plantio direto. “Sem essa diversificação o sistema plantio direto não se manifesta como deveria”, conta Dernadin.

Além disso, o mau uso do sistema plantio direto também tem trazido problemas as lavouras. “O solo fica dividido em duas partes, a superficial com nutrientes e materiais orgânicos e o subsuperficial compactado e que não retém e nem disponibiliza água para a planta.”

José Dernadin palestra durante o Fórum Soja Brasil (Foto: Fábio Santos)
José Dernadin palestra durante o Fórum Soja Brasil (Foto: Fábio Santos)

Uma saída para evitar isso, garante o pesquisador é seguir os passos dos sojicultores americanos qu8e a cada cinco anos, abandonam o plantio direto e aplicam o plantio convencional para tentar desfazer essa compactação e tentar homogeneizar a fertilidade química no perfil desse solo. “Nosso solo agrícola que era para ter pelo menos 20 centímetros de profundidade, tem no máximo cinco centímetros na média, então qualquer 10 dias sem chuvas a safra fica muito comprometida”, afirma o pesquisador.

Por fim, Denardin comentou que as tecnologias são desenvolvidas, disponibilizadas mas usadas da maneira inadequada, por isso os resultados não aparecem e a produtividade fica estagnada.

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