Produtor está recebendo menos de R$ 50 pela saca de soja 2016/2017

Com o custo de produção próximo a este valor, rentabilidade é praticamente zero. Vendas da próxima temporada também estão estagnadas

Pedro Silvestre, de Mato Grosso
Muitos produtores de Mato Grosso estão preocupados e não começaram a semear a nova safra de soja, devido a falta de chuvas na região. Não bastasse isso, boa parte ainda tem soja da safra anterior para vender e o preço conseguido é quase a metade do ano passado. Muitos estão no prejuízo.

O produtor de soja Deneis Antônio Argenta tem feito uma verdadeira romaria em busca de revendas de insumos que paguem um preço justo por sua soja, mas a tarefa não está fácil. Na última tentativa que fez, o agricultor recebeu mais uma vez uma oferta baixa por seus grãos, algo que não cobre nem os custos de produção.

“O lote que eu vendi na semana passada rendeu R$ 48,70 por saca. No ano passado, vendemos soja nessa época aqui a R$ 80 a saca. Neste ano a diferença é muito grande, se continuar assim vamos parar de plantar, pois não conseguimos nem empatar os custos de produção. Temos que arrumar uma outra alternativa, fazer outra coisa, porque trabalhar e não ganhar nada não vale a pena”, conta ele.

O sojicultor Carlos Simon enfrenta a mesma situação, já que o preço oferecido também está frustrando seus negócios. ” Estava vendo se conseguia fechar algo no mercado spot. Mas, por lá não pego nem R$ 51. Se você pegar isso e dividir por um câmbio de R$ 3,14 , que está no momento, a soja chega a US$ 16 dólares livre”, dia.

No estado, mais de 90% da soja 2016/2017 foi comercializada, aquém dos números históricos. O valor mais baixo em comparação com o ano passado não está afetando apenas a negociação da safra anterior, mas também a antecipação das comercializações da nova temporada. Nesta época, é comum ver os produtores vendendo alguma coisa, mas isso não está acontecendo.

“Temos preços da soja futura a R$ 51,52. Mas, quando tiramos as taxas de Funrural, Fethab, Facs, isso aí chega a R$ 49. E isso ai é pouco para cobrir os custos de produção. Sobra muito pouco para a gente”, diz Simon.

O analista João Birkran, diretor da Simconsult é cauteloso em relação à safra dos Estados Unidos e reforça que o mais importante para o produtor brasileiro é ficar atento às oportunidades que surgirem com a alta do câmbio.

“Mesmo que o americano vier a colher uma safra cheia, sem quebra, a safra 2017/2018 mundial de soja será menor do que a 2016/2017, isso já é certeza. O consumo também será maior. Isso significa que o mercado irá operar em um patamar um pouquinho mais alto“, explica ele. “Tem muita gente se queixando que o mercado está muito ruim hoje, mas já perdeu boas oportunidades com preços acima de US$ 10 por bushel, ou câmbio a R$ 3,50. Tem que aproveitar os momentos em que as coisas estão favoráveis.”

Veja mais notícias sobre soja