Produtores de Minas Gerais querem mudar a rota da soja até o porto

Economia poderia chegar a R$ 1,50 por saca do grão e quase 3 horas de viagem a menos. O custo para ajustar rodovia estadual para receber caminhões chegaria a R$ 100 milhões

André Anelli, de Unaí (MG)
No noroeste de Minas Gerais, produtores rurais planejam uma nova rota de escoamento para a soja. A estimativa é que com isso seja possível reduzir o frete em até R$ 1,50 por saca do grão. A intenção é transformar a alta produtividade em maior rentabilidade.

Se as lavouras do município de Unaí renderem o mesmo que na última safra, tem produtor que conseguirá registrar uma produtividade acima de 70 sacas por hectare. O bom manejo e o clima explicam o resultado.

“Acreditamos que foi um trabalho de execução bem feito nas operações de plantio e proteção das plantas, associado a uma condição climática bem favorável, né”, diz Felipe Werlang da Silveira, vice-presidente Aprosoja Noroeste-MG.

Mas a rentabilidade que o produtor consegue na lavoura, é parcialmente perdida na logística. Hoje, o escoamento da produção do noroeste de mineiro é feito pela BR-040, até o município de Pirapora, onde existe um terminal ferroviário com destino ao porto de Tubarão, no Espírito Santo. O setor produtivo propõe outra rota para chegar até lá.

Trata-se da rodovia MG-408, que poderia encurtar o trajeto em aproximadamente 100 quilômetros. A rodovia já existe, mas sem asfalto, o que inviabiliza a passagem de caminhões. A Aprosoja Minas Gerais e a Cooperativa Agrícola de Unaí dizem que o trecho precisa de obras.

“Tem que pavimentar esse trecho. Ali temos cinco pontes, sendo que duas já estão feitas de concreto, precisando fazer outras três. A partir disso, teremos uma redução no trecho para levar a soja até Pirapora”, conta Silveira.

O custo estimado da obra é de R$ 100 milhões. O engenheiro agrônomo José Faisau Lopes diz que até mesmo uma parceria público privada seria viável para os produtores. Mesmo com a cobrança de pedágio na rodovia, o custo compensaria mais do que os atuais gastos com diesel no caminho mais longo.

“Com essa economia do frete, nós teríamos um incremento do preço da soja na ordem de R$ 1,50 por saca. Hoje, o transporte de toda a produção é realizado em cima de caminhões que transportam até 40 toneladas. Então, se nós fizermos essa proporção, mesmo pagando pedágio você teria uma boa viabilidade, fora a economia de tempo. Nós estamos falando, entre ida e volta, de 160 km. Com um caminhão carregado, provavelmente teríamos uma economia de até três horas por viagem”, afirma Lopes.

Nos próximos dias, o setor planeja mostrar o projeto para o governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema. “Temos um encontro marcado entre várias entidades do agro com o novo governador. A gente vai levar não só as demandas do setor, como essa rodovia a ser asfaltada, que a gente comentou, né”, conta Silveira.

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