Condições precárias para escoamento da safra no Maranhão

As três estradas para transporte da produção no estado estão sem manutenção e dependem do investimento dos agricultores para conseguir escoar os grãos

Fernanda Farias | Balsas (MA)

As condições das estradas são uma reclamação frequente entre os produtores rurais de todo o país, na região do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] não é diferente. Ainda mais na reta final da safra, quando o produtor precisa entregar os grãos. No Maranhão, encontramos mais um exemplo da falta de estrutura. A produção é transportada em vias esburacadas e com asfalto precário, atrasando as viagens e aumentando o custo do frete. Para garantir condições mínimas, os produtores precisam pagar a manutenção das estradas.

Os agricultores do estado contam com três rodovias para escoar o que foi produzido em 600 mil hectares. Uma estrada é federal e duas são estaduais. A rodovia MA-006 é considerada a com pior situação. Nela, passa praticamente metade da produção maranhense em direção aos portos e empresas. Em vários trechos, a gente encontra buracos como este, com até 20 cm de profundidade.

Não é preciso rodar mais de um quilometro para perceber que a viagem vai demorar mais que o esperado. Os produtores da região de Balsas reclamam que, muitas vezes, eles precisam pagar do próprio bolso a manutenção de vias, a exemplo do que já mostramos no Piauí.

É preciso rodar menos de um quilômetro pra perceber que a viagem vai demorar mais que o previsto. Os produtores da região reclamam que muitas vezes, tem que gastar com a manutenção das vias.

– Aqui o que nós temos é pior que estrada. Onde tem asfalto, tem buraco. Não consegue andar. O frete encarece demais, caminhão sofre muito. A maioria da produção é retirada com os nossos caminhões e a manutenção está cada mais cara – explica o produtor rural Claudio Brunetta.

A Associação dos Produtores de Soja do Maranhão (Aprosoja-MA) não tem um cálculo exato de quanto custa a mais para transportar a soja no estado. Mas o presidente da entidade, Isaías Soldatelli, garante que o frete acaba 20% mais caro.

– Com tudo o que nós gastamos com transporte, nós poderíamos comprar máquinas, melhorar nosso solo. Em algumas épocas, falta caminhão para fazer este trajeto. É prejuízo para o produtor – critica o dirigente.

Quem vive na estrada se revolta. O caminhoneiro Lourival Alexandre está no ramo há 34 anos e nunca viu nada parecido.

– Isto aqui é uma vergonha. Tem todo o carregamento de soja aqui. Não tem uma estrada. Eles podiam tapar os buracos, pelo menos – desabafa o motorista.

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