Rio Grande do Sul deve adotar o vazio sanitário? Veja o que diz a Embrapa!

Durante o Fórum Soja Brasil desta quinta, dia 22, a entidade fez uma análise da situação do estado e citou exemplos de Mato Grosso e Paraná

Daniel Popov, de São Paulo
Há algum tempo uma discussão vem ganhando força no Rio Grande do Sul: adotar ou não o vazio sanitário contra a ferrugem asiática?. Os produtores defendem que o inverno rigoroso é suficiente para impedir o avanço da doença. Entretanto dados técnicos mostram que essa já não é a realidade, com registros de plantas guaxas após o inverno e a chegada da doença mais cedo.

Durante o Fórum Soja Brasil, que aconteceu em Campo Novo (RS), na feira Expoagro, a pesquisadora da Embrapa, Claudine Seixas trouxe esta discussão em sua palestra. “O vazio é uma das estratégias de manejo contra a ferrugem asiática da soja. A ideia foi mostrar porque seria importante o Rio Grande do Sul adotar esta ferramenta, já que é um dos poucos estados a não fazer isso”, diz.

Segundo ela, todos os estados que adotaram a medida notaram rapidamente a diferença não só no atraso da chegada da doença, como também na redução do uso dos agroquímicos contra a doença.

“O exemplo mais claro é de Mato Grosso. Considerando o município de Primavera do Leste, que era conhecida na bricadeira como a capital mundial da ferrugem, a doença chegava em outubro. E depois do vazio a doença chegou em dezembro”, comenta a pesquisadora.

Claudine destaca que não foi apenas em Mato Grosso que a estratégia funcionou. No Paraná, apesar de a doença não ter atrasado tanto quanto no estado do Centro-Oeste, a ferrugem demorou para chegar. “No Rio Grande do Sul, os produtores não adotam o vazio alegando que o inverno é rigoroso e as geadas acabariam com a doença”, diz.

Mas, a pesquisadora conta que esta não é mais a realidade do estado, já que o clima não tem sido suficiente para exterminar as plantas guaxas (que surgem sem serem cultivadas). “O clima tem sido menos rigoroso e surgem relatos de soja guaxa com ferrugem. Com isso os relatos que antes surgiam em janeiro, começaram agora em dezembro”, conta.

Apesar de dizer que a Embrapa não pode recomendar oficialmente a adoção da medida, Claudine ressalta que seria importante os produtores entenderem a sua eficácia e as vantagens econômicas de se fazer isso. “Não existem muitos produtos para combate a doença no mercado e os poucos que tem,  estão perdendo eficiência. Eles poderia testar o prazo mínimo de 60 dias e ver se atrasou a chegada da doença”, conta ela.

Para o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, os produtores precisam entender que todo o esforço contra a ferrugem é válido. Apesar de os agricultores do Rio Grande do Sul acharem que não é preciso fazer o vazio por conta do clima, essa medida pode garantir a existência dos poucos produtos para controle da doença.

“Precisamos estudar essa questão e ver se realmente qual o impacto disso dentro das propriedades.  A Aprosoja lutou muito para liberar um produto contra a ferrugem, já que o país só tinha dois princípios ativos e ambos estavam perdendo eficiência. Conseguimos liberar, mas esse produto novo também está perdendo a guerra. E, o que podemos fazer? Fazer o manejo adequado para garantir a eficiência. E o vazio sanitário é importante pra isso”, garante ele.

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