Seca deixa soja desuniforme e produtor teme não colher nem o custo

O atraso e depois a falta de regularidade nas chuvas fizeram com que o plantio de toda a área fosse realizado de uma só vez. Ao que parece, o resultado final não é bom

Pedro Silvestre, de Ipiranga do Norte (MT)
A falta de chuvas antes do início do plantio da soja na região Centro-Oeste, não trouxe apenas o atraso nos trabalhos, mas também problemas na uniformidade das lavouras. Em alguns casos, como de Ipiranga do Norte, em Mato Grosso, os produtores temem não colher o suficiente nem para cobrir os custos de produção.

O vazio sanitário acabou no dia 15 de setembro em Mato Grosso. Teoricamente, o plantio da soja poderia começar já naquele momento. Mas, a falta de chuvas, atrasou e muito o início dos trabalhos. Com isso, assim que as primeiras chuvas caíram, o produtor Loinir Gatto já plantou toda a área de uma só vez.

Mas, assim que as plantas começaram a se desenvolver a lavoura começou a apresentar diferentes portes e tamanhos de soja. A falta de uniformidade da lavoura ainda não teve a causa descoberta pelo agricultor, mas algumas suspeitas são levantadas.

“Acreditamos que é uma associação de problemas. Pode estar ligado à estruturação do solo, aplicações de agroquímicos, etc. Mas, não conseguimos identificar um responsável. As aplicações são as normais na fazenda, o manejo é o normal da fazenda, e o que aconteceu de diferente foi a dinâmica de umidade. Um pouco baixa a umidade no plantio e uma demora para a regularização das chuvas”, conta Gatto.

O resultado final deve sair nos próximos dias. Pessimismo a parte, o produtor está na torcida para que o colheita da soja seja suficiente, pelo menos, para pagar os custos de produção. “Se aqui, se eu chegar a 45 sacas, já to satisfeito”, conta Gatto.

Seja por problemas de manejo ou climáticos, a perda de produtividade deve estimular os preços da saca de soja. A comercialização no mercado futuro está abaixo da média no município, porque os produtores esperam alta nos preços até o fim da temporada.

“Estamos esperando que este fator climático, traga alguma oportunidade de nós fazermos uma liquidez melhor na renda da nossa soja. Então, o produtor está um pouco cauteloso e procurando os momentos de oscilação de Chicago, para fazer o travamento dos preços. Temos essa preocupação, porque nos atuais preços que estão aí, nossa renda tá apertada”, diz o presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte, Valcir Batista Gheno.

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