Seca leva municípios de MT a situação de emergência

Oito cidades já conseguiram homologação da Defesa Civil e produtores podem pedir renegociação de dívidas aos bancos

Daniel Popov, de São Paulo
A safra de soja já começou em Mato Grosso. Entretanto, uma boa parte dos municípios não estão conseguindo plantar, devido a falta de chuvas. No ano passado, uma situação parecida causou muitos estragos, que ainda repercutem entre os produtores. Segundo a Defesa Civil Estadual, esta situação na safra 2015/2016 levou 13 municípios a pedirem homologação de situação de emergência. Alguns deles, segundo o órgão, ficaram mais de 60 dias sem chuva.

Oito municípios já conseguiram a homologação de situação de emergência, entre eles Paranatinga, Água Boa, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Sorriso, Ipiranga do Norte, Gaúcha do Norte e Nova Ubiratã. “Nestes casos, o estado reconhece e homologa a situação de emergência, assim os produtores podem renegociar suas dívidas junto aos bancos”, conta o Major Washington Duarte, coordenador no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec).

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O órgão confirmou ainda, que outros cinco municípios estão homologando situação de emergência também por causa da estiagem, Marcelândia, Alto Garças, Santa Cruz do Xingu, Feliz Natal e São Felix do Araguaia. Em todos os municípios citados pela reportagem, a falta de chuvas afetou não só a agricultura, mas também a pecuária. “Estas perdas impactaram diretamente nas receitas destes produtores. Ainda temos sojicultores que não tem recursos para começar a plantar”, garante Endrigo Dalcin, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Dalcin comenta ainda, que o número de municípios que estão em situação de emergência é de 26, sendo que alguns ainda entrarão com o pedido de homologação junto à Defesa Civil, nas próximas semanas. “Tivemos bolsões de secas em alguns municípios, mas acredito que apesar disto a safra de soja no estado será boa”, conta o executivo. “Temos a esperança de uma safra boa com o plantio 9,3 milhões de hectares e a produção de 29,9 milhões de toneladas.”

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Gaúcha do Norte é um dos oito municípios que tiveram o estado de emergência reconhecido pelo governo de Mato Grosso. Em fevereiro deste ano o prefeito encaminhou um laudo técnico à defesa civil do estado comprovando a necessidade do decreto. “Estamos passando por dificuldade para honrar os compromissos. Inclusive o poder público. Com essa homologação do decreto, acredito que alguns produtores que não cumpriram com os seus compromissos, devido à estiagem, consigam uma prorrogação da dívida”, afirma Nilson Aléssio, prefeito da cidade.

Já a presidente do Sindicato Rural no município, Neuza Cecília Wessner, lamentou a demora na homologação do pedido de emergência, já que esta renegociação poderia ter ajudado muito nesta safra. “As parcelas já estavam todas vencidas. O produtor teve que arrumar recursos de outras fontes pra cobrir dívidas desta safra verão”, garante ela.

Por sua vez o produtor rural, Luiz Pedro Bier, garantiu que mesmo com estes problemas não irá reduzir sua área de plantio de 2,6 mil hectares. Já o planejamento para as próximas safras sofrerá um baque. Para a safrinha, por exemplo, ele vai diversificar para não ficar dependendo só de uma cultura. Quanto aos recursos, ele teve que buscar em outras fontes, pagando mais por isso. Só de juros, foram, pelo menos, 5% a mais ao ano. “O compilado das taxas, a média gira em torno de 13,5%, que é uma média alta, mas foi o único recurso que encontrei para conseguir este crédito”, frisa Bier.