Sem chuvas, sojicultores de Mato Grosso não arriscam semear no pó

Até esta semana, o ritmo médio do plantio da soja está em 14% do total da área estimada, metade do que havia sido cultivado no ano passado

Pedro Silvestre, de Sinop (MT)
A falta de chuvas atrapalhou os planos dos produtores do país, o plantio de soja está em ritmo lento nas principais regiões produtoras. Até agora, pouco mais de 10% da área estimada já foi semeada no país, enquanto no mesmo período do ano passado o índice estava em 17%. Em Mato Grosso, principal estado produtor do grão, o cenário não é diferente, apenas 14% da área já foi plantada, enquanto em 2016, na mesma época, o volume semeado ultrapassava a casa dos 31%.

Quando a equipe do Projeto Soja Brasil percorreu algumas estradas do norte do estado de Mato Grosso, foi possível notar que a movimentação da semeadura ainda está muito lenta. “Em nossa região são poucos os que começaram o plantio. Em alguns pontos até vimos uma chuva relativamente boa, mas a grande maioria ainda está parado, pois a umidade que há no solo é muito baixa”, conta o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan.

Segundo dados do Imea, a região norte do estado plantou apenas 8% da área estimada, contra 20% do ano passado.

No sul do estado a situação é a mesma e a ansiedade está tomando conta dos sojicultores, já que o atraso agora, pode afetar a janela de plantio do milho segunda safra,  que vem na sequência. “Preocupa demais isso, porque o lucro do produtor vem com a segunda safra. Temos previsões que não se concretizaram e ainda esperamos que chova na próxima semana. Mas, com certeza, iremos ter problema com o plantio do.milho”, conta José Nardes, presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste.

Para quem cultiva o algodão após a soja, a preocupação é a mesma. “Plantamos só algodão na segunda safra por aqui. Então, com esse atraso, não iremos conseguir aumentar a área, teremos que manter a mesma área do ano passado”, conta o engenheiro agrônomo Luis Antônio Huber.

Apesar da preocupação dos produtores, o presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), recomenda paciência aos colegas, para que os prejuízos posteriores não sejam ainda maiores. “O exemplo foi no ano passado, quando esperamos um.pouco e conseguimos fazer a melhor instalação de lavoura dos últimos anos. Isso culminou na maior produtividade de todos os tempos”, diz Endrigo Dalcin. “Mais uma vez! Não adianta sair na correria sem se preocupar com o clima, com a velocidade de plantio, a questão de sementes e o tratamento delas também.”

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