“A soja do vizinho é mais verde” – Goiás vive diferenças e perdas podem ser grandes

Vídeo gravado por produtor mostra a diferença entre uma propriedade e outra. Perdas no estado podem chegar a 20% afirma a Aprosoja-Goiás

Daniel Popov, de São Paulo
A exemplo de outros estados da região, os prolongados períodos de estiagens enfrentados pelos produtores de Goiás em dezembro e janeiro, tem trazido prejuízo para as lavouras. Segundo a Aprosoja Goiás, com base nos 15% de áreas já colhidas a quebra de safra pode chegar a 20% sobre a produção esperada de 11,8 milhões de toneladas. Não dá para generalizar que todas as regiões passam por problemas, até porque entre vizinhos a diferença nas lavouras é enorme. De um lado uma soja seca e judiada pela seca, do outro plantas verdinhas e bem estabelecidas.

No vídeo abaixo é possível notar a diferença entre as duas lavouras de Cristalina, dívidas apenas pela estrada. Claro que além da seca, interferiram no resultado a época do plantio, a variedade escolhida e os cuidados pré plantio. Mas dá para entender um pouco porque as perdas não são maiores, por exemplo.

O produtor Gustavo Fernandes de Siqueira é o dono da lavoura verdinha acima e plantou os 330 hectares que possui em meados de novembro, mesmo sabendo das voltas das chuvas em outubro. Ele preferiu não arriscar e manteve o planejamento inicial. “Muitos produtores daqui resolveram plantar antes, em outubro, para aproveitar as chuvas e agora estão passando por problemas sérios”, conta. “Meu vizinho (o da lavoura ao lado) disse que perdeu pelo menos 1 mil hectares.”

Veja abaixo o vídeo compartilhado pelo vizinho:

Mas não foi só a escolha pela época do plantio que garantiu o bem estar da lavoura de Siqueira, por lá ele faz a rotação de culturas e, a palhada da braquiária foi capaz de manter a soja protegida. “Em janeiro tivemos 22 dias sem chuvas aqui, mas pela boa palhada que fiz antes a planta resistiu a esse estresse. Nesta safrinha será vez de trigo mourisco, com nabo forrageiro. Esse é um dos segredo para o futuro”, comenta.

A perspectiva de produtividade médias das áreas de Siqueira é de 55 sacas por hectare e nem mesmo a alta incidência da ferrugem assusta. “Se tiver uma produtividade maior será vantagem. A região está com alguns focos de ferrugem. Já fiz 3 aplicações para prevenir e farei mais uma para garantir”, conta.

Quebra de safra

A quebra de safra esperada pela Aprosoja – em torno de 2 milhões de toneladas – representa até o momento R$ 2,173 bilhões em prejuízos, considerando um preço médio de R$ 65,00 por saca.

“Esperamos que até o final da colheita o produtor ainda consiga uma safra satisfatória, com preços que cubram pelo menos o que foi investido. Assim poderemos pensar na próxima safra”, diz o presidente da Aprosoja-GO, Adriano Barzotto.

O produtor Clodoaldo Calegari conta que a primeira cultivar que ele colheu produziu normalmente, mas agora as produtividades já estão caindo. “E tenho áreas que estão morrendo vários dias antes do que se esperava”, comenta.
Segundo ele, a última chuva significativa na sua propriedade foi há mais de 20 dias. “Comecei a colher soja dia 25 de janeiro e só comecei a plantar o milho esta semana, mesmo assim sem qualquer condição de umidade. Estou arriscando baseado nas previsões de chuvas para os próximos dias”, relata.

No Sudoeste goiano, as chuvas estão voltando. Em Jataí, teve até granizo no último fim de semana. “A colheita avançou bem com produtividade bastante desuniforme. Variedades menos precoces têm melhorado as médias”, afirma o produtor Joel Ragagnin, vice-presidente da Aprosoja-GO.

Ainda na região, as colheitadeiras também seguem trabalhando em Rio Verde e em Mineiros, onde há “produtividades péssimas e fenomenais”, afirma o agricultor Rogério Vian. “De 25 a 85 sacas/ha pelos relatos de produtores.”

No Sul do Estado, os relatos apontam produtividades que variam de 30 a 64 sc/ha, informa o produtor Rubens Loyola, de Piracanjuba. “Mesmo as melhores áreas apresentaram redução de produtividade em relação ao ano passado”, conta.

No entorno de Brasília e região Leste, onde ficam municípios como Cristalina, Formosa e Catalão, as chuvas retornaram esta semana. Mas os danos já são irreversíveis, com quebra variando de 15% a 30%.

No Norte goiano, o plantio ocorre mais tarde, em meados de novembro, mas a situação não é diferente das demais. “Vemos áreas de soja precoce com produtividades boas, outras muito ruins”, afirma o produtor Alan Levi, de Uruaçu. “Municípios como

Novo Planalto e Bonópolis estão um pouco melhores de chuvas, mas é preciso esperar a colheita terminar, pois há solos com mais areia e cascalho e incidência de altas temperaturas”, afirma.

Com informações da Aprosoja Goiás

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