Soja em desenvolvimento? Clima preocupa no Rio Grande do Sul

Produtores do estado plantam mais tarde e esperam que o clima colabore para que os problemas se resumam apenas a máquinas atoladas

Sebastião Garcia, de Erechim (RS)
No Rio Grande do Sul, a safra de soja começou com um receio de falta de chuvas, já que a meteorologia alertava para os efeitos de um La Niña, que mesmo fraco poderia trazer problemas para a região. Pois bem, no começo da safra, em meados de setembro, de fato, faltou água do céu, mas não no solo, que possuía boa umidade concentrada, mas os agricultores resolveram esperar um pouco mais para semear. Decisão acertada, ainda mais considerando que meses depois, em dezembro o fenômeno climático perdeu força e as chuvas vieram com forte intensidade, ajudando no desenvolvimento das plantas. Agora os produtores esperam ter sorte também na colheita, torcendo para que as precipitações diminuam e as máquinas possam entrar em campo.

As lavouras espalhadas pelo município de Erechim estão se desenvolvendo bem, afirma o presidente do Sindicato Rural do local, João Picoli. Depois das constantes, elevadas e inesperadas chuvas de dezembro, que somaram segundo a Somar 172 milímetros acumulados (acima da média para o mês, de 105 milímetros) que ajudaram a desenvolver as plantas, as inconstantes precipitações atuais estão trazendo alguns percalços para os produtores.

Abertura Nacional da Colheita de soja 2016/2017
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Uma delas aconteceu com o produtor Solani Rigo, que cultivou 650 hectares nesta temporada, e com as constantes chuvas não conseguia colocar os pulverizadores em campo, chegando até a atolar um maquinário como este em uma das tentativas. Mas, isso não preocupa muito não e ele está bem otimista com a safra, com a expectativa de colher 55 sacas por hectare nesta área. “Se continuar chovendo e dando estes intervalos para nós aplicarmos os produtos, vai dar tudo certo”, diz Rigo.

O produtor também possui uma segunda área, que estava sem uso e sem manejo de solo. Por lá a coisa é diferente e o estádio da planta ainda é inicial, já que ela foi cultivada no dia 26 de dezembro. “Esta aqui era uma terra que estava parada, sem utilização. Daí resolvi aplicar calcário e ajeitar a topografia dela, deixar em condições de plantio. O trabalho demorou e tive que plantar a soja bem no final do ano”, explica ele.

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Em pelo menos 1/3 das lavouras aqui da região de Erechim, a soja foi plantada depois do dia 25 de novembro, ou seja, soja tardia. No geral, a expectativa é de uma safra boa aqui na região, mas com soja novinha assim, tem muita coisa para acontecer ainda. Principalmente em relação ao clima. Um veranico aqui pode mudar tudo. “Nesta área mais nova devo colher só daqui a quatro meses, não dá para prever nada ainda.”, garante Rigo.

O período de plantio desta região, geralmente vai de 10 de outubro a 10 de dezembro. O que acontece é que boa parte da soja aqui é plantada em área de trigo. E aí como o inverno se estendeu um pouco, o ciclo do trigo também se alongou e a soja teve que ser plantada depois. O que se espera é que o tempo ajude daqui pra frente. Segundo a Associação do Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), o estado tem soja plantada em mais de 5 milhões de hectares. Na safra passada a produção chegou a quase 15 milhões de toneladas, e pode chegar, nesta temporada, a 16 milhões.

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