Soja: Mato Grosso começa colher, mas há muita diferença entre produtividades

Enquanto alguns produtores estão com expectativa de colher 75 sacas, outros estimam apenas 58 sacas por hectare, no mesmo município

Carolina Lorencetti, de Cláudia (MT)
O município de Cláudia tem 12 mil habitantes e fica no médio norte de Mato Grosso, a 570 quilômetros da capital, Cuiabá. Dali saem normalmente 64 mil toneladas de soja para exportação. Mas nesta safra ainda não dá para saber se conseguirão manter a média, já que o clima está atrapalhando os planos de alguns produtores.

O sojicultor Wilson Adem, viu a média produtiva cair nesse ano de 64 para 58 sacas por hectare. A variedade escolhida era precoce e ele acha que o problema foi as chuvas irregulares. “A gente está acostumado a levar esses prejuízos, faz parte, né? Sempre esperamos uma melhora e vamos levando”, afirma.

Só que a realidade de Adem não é a mesma de Nicolas Blender. Em sua propriedade as vagem ainda estão verdes e as plantas bastante carregadas. A colheita deve começar nesta semana ainda e a expectativa do produtor é bem maior: 75 sacas por hectare.

“A soja tá muito boa, tá bonita, né? Teve um desenvolvimento bom e a gente está esperando esse potencial aí. É uma variedade nova, então vamos ver aí o potencial dela”, diz Blender.

Tanto o Blender quanto o Adem aproveitaram o ciclo de palestras da Caravana Soja Brasil para aprender mais sobre a rotina no campo. Com a pesquisadora da Embrapa Rose Monnerat, os produtores viram que o melhor horário de aplicar biológico na lavoura é no final da tarde, quando o calor está menor. Já o pesquisador do Cepea Mauro Osaki mostrou o quanto a rentabilidade do milho vem caindo.

“O milho mais barato do mundo está nessa região de Mato Grosso. O custo de transporte fica muito caro, então a rentabilidade do produto fica muito baixo. É por isso que inibe bastante a parte econômica, Mas no sistema de um modo geral acaba tornando positivo”, diz Osaki.

Outro tema abordado nas palestras foi o cuidado com a palha que fica no solo, que poderia salvar uma plantação diante de uma seca prolongada.

“Verificar se a distribuição da palha, feita pela colheitadeira, está uniforme. Porque isso vai evitar que ele tenha faixas de fertilidade diferente na cultura e vai manter o coeficiente de variação baixo ao longo da próxima cultura”, destacou o coordenador de marketing do grupo AGCO, Diego Lopes

Investimento

Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Antônio Galvan, um dos palestrantes da Caravana, se o produtor puder deve segurar as compras.

“Tem que ter bastante cautela neste momento, não apresse para ir às compras ou ao mercado para próxima safra, porque o preço está muito descansado em relação ao valor da mercadoria que nós temos na mão. Seja soja ou seja milho, muita cautela nesse momento”, afirma.

A Caravana Soja Brasil visitou cinco municípios de Mato Grosso e foram percorridos dois mil quilômetros para mostrar como anda a colheita no estado.

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