Pesquisadores querem identificar espécies resistentes a pragas e doenças que atacam a soja convencional
Com o intuito de futuramente melhorar a soja comercial, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), semeou pela primeira vez no Brasil a soja selvagem com o objetivo de estudar seu comportamento e identificar suas características. Segundo a empresa uma das ideias é tentar identificar espécies de soja selvagem com resistência para três doenças severas para do grão: ferrugem-da-soja, cancro-da-haste, e cercospora.
De acordo com o pesquisador Marcelo Fernandes de Oliveira, curador do BAG da Embrapa Soja, primeiramente serão identificadas fontes de resistência para estas três doenças mais severas para o grão. “Queremos avaliar esses acessos para cancro-da-haste e cercospora, porque são doenças que já causaram grandes prejuízos no passado e hoje são usadas apenas uma ou duas fontes de resistência em todo Brasil”, diz Oliveira.
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O pesquisador conta que já se sabe que a Glycine tomantela, uma das espécies de soja selvagem, tem genes de resistência à ferrugem-asiática, mas a ideia é identificar outros genes e usá-los para melhorar a soja comercial ou mesmo garantir novas estratégias de manejo. “Estamos buscando identificar e introduzir genes que ampliem a tolerância à ferrugem para reduzir, por exemplo, o número de aplicações de fungicidas”, conta Fernandes. Também é objetivo fazer melhoramento genético preventivo, ou seja, ter fontes genéticas para evitar quebras de resistência futuras. “Além disso, precisamos estar preparados para doenças com potencial risco de ser introduzidas no país”, alerta o pesquisador.
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A Embrapa plantou ao todo 21 espécies, a maioria originária da Austrália, diferente da soja semeada atualmente, que é originária da China (Glycine max). A soja selvagem ainda é pouco conhecida, mas traz embutidas características que poderão influenciar o futuro dos programas de melhoramento genético.
As sementes da soja selvagem recolhidas deste plantio serão armazenadas no Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de sementes mantida pela Embrapa Soja em sua sede em Londrina, no Paraná. Este é considerado o terceiro maior banco da leguminosa no mundo, com 35 mil acessos (tipos de soja). “É a primeira vez que essas sementes foram catalogadas no Brasil dentro de casas de vegetação”, disse o pesquisador.
