Sojicultores gaúchos apostam na compra de caminhões para driblar a tabela de fretes

Segundo a Farsul, o transporte é um dos ítens que mais encareceu os custos de produção da nova safra. As sementes aparecem logo na sequência

Bruna Essig, Camaquã (RS)
No Rio Grande do Sul, agricultores já estão adquirindo frota própria para driblar os elevados gastos com frete. O custo de produção do sojicultor subiu pelo menos 4%, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado.

Para tentar economizar alguma coisa com o frete o produtor rural José Carlos Gross, de Camaquã (RS) comprou um caminhão usado, para que os funcionários da fazenda possam fazer transportes simples. Agora, o único transporte que ele ainda contrata caminhão é até o porto.

“Eu carrego semente da cidade para a lavoura, dos nossos galpões, adubo que vem da cidade para fazenda. Transporto arroz e não pago o frete. Isso tudo acaba trazendo um pouco de economia, né”, diz o agricultor.

Segundo Gross, antes além do preço mais alto, ele não tinha caminhão a qualquer momento. “Agora eu tenho um caminhão já na hora que eu necessito e eu faço o transporte mais rápido”, conta.

O preço do transporte é, junto com o valor dos fertilizantes, o que mais tem feito o produtor gastar antes do início do plantio. Antes o adubo que vinha de Rio Grande saia por R$ 50 a tonelada, agora, mesmo com negociação, não sai por menos de R$ 90. Um estudo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul comparou o custo de produção de maio e junho deste ano e revelou aumento de 4%.

“É um aumento bastante significativo nos custos, principalmente porque a gente via uma desaceleração dos gastos desde o começo do ano e, agora, a gente vê um aumento de 4%. Ao mesmo tempo o preço tem caído, logo a rentabilidade do produtor cairá também”, diz a economista da farsul, Daniele Guimarães.

A Farsul aponta que a soja foi o grão mais impactado pelo preço do frete. E isso não mexeu só no bolso do produtor, mas também com as negociações do setor. “Com esse preço nos fretes muitos produtores não querem levar a soja até o porto, preferiram segurar. A gente teve uma redução da exportação em volume da soja em 39%, que é uma redução bastante significativa também”, conta Daniele.

Para ela, o produtor faz o que pode para economizar, inclusive atrasar a aquisição de sementes. “Esse agricultor ainda não fez a compra, esperando a possibilidade de um preço mais atrativo”, afirma ela.

A preocupação dele é que a terra tem seu tempo e além disso, quer plantar os 450 hectares de soja logo que acabar o vazio sanitário, pois acredita que quanto mais ele esperar mais risco pode correr.

“Hoje, a região 90% dos produtores da minha região ainda não compraram adubo e, praticamente não compraram a semente também. Do ano passado pra cá, certamente, a semente encareceu uns uns 15%. A gente empurrando a conta como estamos fazendo, teremos que pagar o preço que tiver, mas sempre a espera é que ele melhore um pouco o preço”, finaliza Gross.

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