Tem soja para vender? Agora é um bom momento para isso

Preços pagos pela oleaginosa sobem no mercado internacional e no Brasil. Entretanto, movimento deve ser passageiro

Daniel Popov, de São Paulo
Nos últimos dois meses, os preços da soja não estavam remunerando tanto quanto o produtor gostaria. Também, como pudera? Já que as primeiras informações sobre a safra americana indicavam um novo recorde produtivo. Esta pressão sobre as cotações permanece, mas a divulgação de um relatório nem tão favorável assim, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), ajudou a elevar um pouco os valores.

Os preços na Bolsa de Chicago estão em alta. Boa parte dos contratos negociados por lá ultrapassam a casa dos US$ 10 por bushel. Ao mesmo tempo de o dólar estabilizou acima dos R$ 3,15. O que tudo isso significa? Que com esta cotação e este dólar, os preços no Brasil tem base para superar os R$ 70 por saca. “Os preços subiram nos últimos dias porque o USDA apresentou um corte nos estoques maior que o esperado. Além disso, eles ajustaram para baixo a previsão da superprodução americana”, explica o analista de mercado Luiz Gutierrez, da Safras & Mercado.

Nos portos, desde o mês passado, os valores já superam esses R$ 70 por saca, mas agora testam novas subidas, com pelo menos R$ 2 a mais por saca. Em Paranaguá (PR), o preço pago pela saca chegou a R$ 72,50. Em Santos (SP) e Rio Grande (SP) os ganhos chegam a R$ 72, por saca. “No Brasil, os prêmios pagos estão melhores por causa da entressafra, isso impede que vejamos uma queda maior dos preços acompanhando Chicago”, diz.

Nas praças mais distantes dos portos, os valores também subiram bastante nos últimos dias, com quase R$ 3 a mais por saca. Para o analista, o produtor precisa aproveitar o momento e negociar a safra estocada. “Os preços ainda estão bons, se comparados aos últimos meses. O produtor precisa correr e aproveitar, porque o mercado continua pressionado pela supersafra americana. Só um problema sério na América do Sul poderia reverter isso”, conta Gutierrez.

Apesar desta perspectiva, ainda é cedo para que o mercado se posicione em relação a safra brasileira ou argentina, explica o analista. Ele relembra que na mesma época do ano passado o plantio estava só um pouco mais adiantado do que está hoje e o resultado foi uma supersafra. “Este ano falamos em um clima desfavorável, mas o impacto disso só saberemos na fase de desenvolvimento das plantas. O mercado começará a trabalhar com esta especulação climática, o que pode fazer os preços subirem repentinamente, ou caírem”, finaliza ele.

Veja mais notícias sobre soja