Tocantins: frete da soja por ferrovia está mais caro do que por rodovia

Se por um lado o transporte por trens traz agilidade no escoamento, do outro o preço inviabiliza esta opção. Maggi promete medidas para melhorar logística do agronegócio

André Anelli, de Porto Nacional (TO)
Os produtores de soja de Tocantins têm um terminal ferroviário à disposição para escoar a safra. Só que essa facilidade não está saindo tão em conta quanto se esperava e ainda é mais vantajoso o frete rodoviário, do que realizar o transporte pela ferrovia.

Melhor do que uma lavoura produtiva, com expectativa de produtividade acima de 60 sacas por hectare, seria contar com uma logística ágil e barata para escoar esta produção. O produtor Décio Hiert está a menos de cinco quilômetros do terminal ferroviário de Porto Nacional, no Tocantins, que foi inaugurado recentemente e, em tese, traria muitas vantagens para quem quer escoar da soja.

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“Temos poucos silos no estado e eles não surgem no mesmo ritmo que a produção cresce. A vantagem é que quando está meio cheio, enviamos para a ferrovia, que é uma válvula de escape. Muito bom isso aí”, diz Hiert.

Mas não é tão simples assim. Hiert faz parte dos usuários do sistema que reclamam do preço do frete para escoar a produção. Segundo a Aprosoja Tocantins, os agricultores do estado desembolsam um total de até R$ 180 por tonelada, juntando os gastos rodoviários e ferroviários. O presidente da associação diz que o valor é quase o mesmo do frete exclusivamente por rodovias.

“Quando se leva soja para Itaqui, no Maranhão, gastamos R$ 180 por tonelada. As empresas compradoras operam tanto na ferrovia, quanto na rodovia e o custo é praticamente o mesmo. A ferrovia teria que trazer um ganho de custo para o produtor e isso não tá acontecendo”, diz o presidente da entidade, Maurício Buffon.

A empresa que opera a ferrovia no Tocantins não revela valores para escoamento. mas alega que a infraestrutura precária do estado, como a falta de rodovias de acesso aos terminais ferroviários, faz com que o preço da logística não diminua para o produtor.

“A ferrovia é parte de um sistema integrado. Muitas vezes a eficiência gerada na ferrovia, pode se perder em outros pontos da cadeia. Aqui, especificamente no corredor Centro-Norte, a gente tem o desafio muito grande da ponta ferroviária, dos sistemas que acessam nossos terminais e é importante que todo esse sistema esteja funcionando de forma eficiente pra que realmente o ganho chegue a todos”, gerente de estratégia e Mercado da VLI, Pedro Azevedo.

Diante do problema, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que está em fase final um estudo logístico que busca trazer integração entre os modais de escoamento. O projeto deve beneficiar, inclusive, os produtores do leste de Mato Grosso, que estão mais próximos do terminal ferroviário de porto nacional.

“Não é uma política do Ministério da Agricultura, de construir rodovias, mas sim de apoiar as construções. Mas estamos apresentando um plano macro de logística, agora no mês de março, sob a ótica da agricultura, qual é o melhor caminho pro produto sair, não é para as pessoas saírem, para o produto sair. Esperamos que isso tenha uma colaboração muito grande pro governo tomar decisões de seus investimentos, daqui pra frente”, explica Maggi.

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