Valor do frete cai na semana, mas ainda está até 72% mais caro que em 2017

Segundo levantamento da Farsul e da consultoria Safras & Mercado a situação ainda é bastante complicada. A própria Conab já afirmou não ter conseguido contratar caminhoneiros autônomos

Enquanto o impasse sobre a tabela dos fretes não é resolvido e algumas novas atualizações são incluídas, os valores dos transportes de soja apresentaram ligeira redução em algumas praças, apontou um levantamento da consultoria Safras & Mercado. Na comparação com o mesmo período do ano passado, os preços atuais ainda estão 36% mais altos. Já um levantamento da Farsul mostra que em um trecho o valor do frete está 72% mais caro.

Entre Sorriso (MT) e o porto de Paranaguá (PR), o preço por tonelada caiu de R$ 430 para R$ Mas no mesmo período do ano passado, o valor estava na casa de R$ 290, ou seja, quase 15% mais baixo que os atuais.

No trajeto que também parte de Sorriso, mas vai até o porto de Santos (SP), o valor cobrado pela toneladas é de R$ 350, 20% a menos que os R$ 440 de uma semana atrás. No ano passado o frete estava 15% menor, na casa de R$ 305 por tonelada.

Partindo de Primavera do Leste (MT) até o porto de Paranaguá o valor passou de R$ 330 por tonelada da última semana, para R$ 280. No ano passado o valor era de R$ 205 por tonelada, 36% menor.

“As alterações são em virtude da última tabela. No momento, não há influências de oferta e demanda, até porque a necessidade de caminhões é grande, principalmente em regiões como Mato Grosso. Essa nova tabela leva em conta os custos operacionais”, diz o analista Evandro Oliveira, da Safras & Mercado. Em outras localidades os valores se mantiveram estáveis.

Valor ainda mais caro no Sul

Os efeitos das manifestações dos caminhoneiros não se refletiram apenas no desabastecimento ocorrido durante o período da greve. O impacto será ainda maior com o tabelamento do frete, adotado pelo Governo Federal. Conforme levantamento realizado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), entre julho de 2017 e julho 2018, o valor do transporte de grãos no estado teve um reajuste médio de 44%.

Somente após o período de greve, o aumento foi de 29%. O acréscimo não significa apenas uma alta nos custos de produção, mas terá reflexo em toda a economia pela dependência quase exclusiva dos transportes rodoviários na logística brasileira. No trecho ligando Santo Ângelo até o porto de Paranaguá o valor chega a 72% de aumento em um ano.

Conab também tem problemas

Durante a greve dos caminhoneiros, uma das reivindicações realizada pelos manifestantes era que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reservasse parte do transporte para caminhoneiros autônomos. A entidade atendeu e separou 30% do transporte de mercadorias para estes motoristas. Entretanto, nas duas chamadas públicas realizadas, a entidade não obteve sucesso.

“O quantitativo estipulado correspondeu a 30% da quantidade efetivamente contratada no ano de 2018. A ação foi encerrada dentro dos prazos estipulados no cronograma da Chamada. Apenas uma cooperativa demonstrou interesse, a qual, entretanto, não atendeu aos critérios do edital para habilitação”, diz a Conab.

No dia 28 de maio foi realizada a primeira tentativa, para transportar 26 mil toneladas de milho, mas o único interessado que apareceu não cumpria os requisitos mínimos para fazer o transporte. A segunda tentativa aconteceu em 13 de julho, também para carregar milho, 43 mil toneladas, mas nenhum caminhoneiro se prontificou.

Uma nova tentativa  de contratação foi realizada no dia 13 de junho. Nesta data, foi publicada demanda de transporte de milho, visando atender ao Programa de Vendas em Balcão (ProVB), tendo sido destinado o percentual de 30% para negociação sem licitação, conforme previsto na referida MP. A quantidade ofertada foi de pouco mais de 43 mil toneladas. Os interessados puderam enviar documentação até o último dia 29. Mas não houve interessados”, finaliza a entidade.

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