Veja 24 dicas para garantir a eficiência do seu inoculante na soja

Se existe um insumo indispensável para garantir altas produtividade nas áreas com a oleaginosa este é, sem dúvida, o inoculante. Mas, apesar de serem de fácil manuseio, este aliado precisa de cuidados para garantir os resultados

O nitrogênio (N) é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Para cada 1 tonelada de grãos são necessários cerca de 80 quilos de N. Para esta tarefa foram criados os inoculantes, que são bactérias capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera (N2) e transformá-lo em fertilizante para as plantas.

O processo é denominado fixação biológica do nitrogênio (FBN) e, no caso da soja, é realizado por bactérias chamadas de Bradyrhizobium, que são capazes de fornecer todo o N necessário para atingir altos rendimentos.

A indústria multiplica as bactérias selecionadas e as disponibiliza aos agricultores via inoculantes líquidos e sólidos (em turfa). Mas, para garantir o sucesso da lavoura, o agricultor deve utilizar boas práticas de inoculação.

Veja algumas dicas que os pesquisadores Mariangela Hungria e Marco Antônio Nogueira, da Embrapa Soja separaram para garantir a eficiência deste processo:

1 – Verifique se o produto tem registro no Ministério da Agricultura (Mapa) e se está dentro do prazo de validade;

2 – Pergunte ao fornecedor sobre as condições de transporte e armazenamento, garantindo que não foi exposto ao sol ou a temperaturas muito altas (superiores a 30°C);

3 –  O agricultor também deve transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado;

4 – Calcule a dose a ser aplicada de acordo com as instruções do fabricante para fornecer, no mínimo, 1,2 milhão de células por semente;

5 – No caso de inoculante líquido, porém, a dose nunca pode ser inferior a 100 ml de inoculante/50 kg de sementes;

6 – Para melhor aderência dos inoculantes turfosos, umedeça as sementes com, aproximadamente, 300 ml/50 kg sementes de solução açucarada a 10% (100 g de açúcar/litro de água) e, então, aplique o inoculante;

7 – O volume total de líquidos adicionados às sementes, considerando inoculantes e agroquímicos, não deve ultrapassar 300 ml/50 kg; no caso de sementes com alta qualidade fisiológica (alta germinação e, principalmente, alto vigor), podem ser aplicados até 550 ml/50 kg;

8 – Caso seja necessário o uso de agroquímicos, aplique-os primeiro, deixe secar e aplique o inoculante em uma segunda operação;

9 – A inoculação pode ser feita em tambor rotatório, betoneira ou em máquinas específicas para a inoculação, que também permitem o tratamento com agroquímicos. Verifique sempre se o inoculante foi distribuído uniformemente nas sementes;

10 – Faça a inoculação à sombra, deixe secar por cerca de 20-30 minutos e mantenha a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo;

11 – Não use inoculante diretamente na caixa semeadora e nem faça o “sopão” com agroquímicos e inoculantes;

12 – Maior sucesso é obtido quando a semeadura é realizada no mesmo dia da inoculação, especialmente se a semente for tratada com agroquímicos. Em caso de dúvida, repita a operação de inoculação;

13 – Existem produtos no mercado com função de adesão e proteção das bactérias, que podem estender o período de viabilidade da bactéria, mas o agricultor deve verificar os dados de pesquisa obtidos com esses produtos;

14 –  Evite semear “no pó”, pois as bactérias são sensíveis ao dessecamento;

15 – Na semeadura, evite o aquecimento, em demasia, do depósito das sementes; se necessário, resfrie externamente o reservatório;

16 – Outra excelente opção para evitar o contato da bactéria com agroquímicos nas sementes é a inoculação no sulco, mas com, no mínimo, 2,5 vezes a dose do inoculante usada nas sementes e diluída em pelo menos 50 litros de água/ha;

17 – Em área de primeiro ano, ou não inoculada há muito tempo, evite o uso de agroquímicos nas sementes, ou opte pela inoculação no sulco;

18 – Sementes pré-inoculadas também são encontradas no mercado. Mas o agricultor deve pedir garantia na hora da compra de que essas sementes carregam de 80 mil a 100 mil células recuperáveis/semente. Muito cuidado! Em caso de dúvida, envie as sementes para análise;

19 – Outros métodos de inoculação, como pulverização do solo ou foliar, devem ser adotados somente em caso de emergência. Aplique somente com solo úmido e no final da tarde e fique consciente de que o resultado nunca vai ser o mesmo da inoculação na semente ou no sulco realizadas na hora da semeadura;

20 – Os micronutrientes molibdênio e cobalto são muito importantes para a FBN, mas também não podem ficar em contato prolongado com as bactérias nas sementes. Alternativamente, podem ser aplicados via foliar, na mesma dosagem utilizada para o tratamento de sementes, até 30 dias após a emergência.

21 – O uso de inoculantes é obrigatório em áreas de primeiro cultivo de soja, ou áreas não cultivadas há vários anos. Em áreas já cultivadas, a reinoculação anual resulta em ganhos médios no rendimento de 8%;

22 –  A FBN pode suprir o N necessário mesmo para altos rendimentos, quando as boas práticas de inoculação são seguidas, não sendo necessária nenhuma complementação com fertilizante nitrogenado, em qualquer estágio de desenvolvimento da cultura;

24 –  O inoculante é um insumo extremamente barato em relação ao benefício que proporciona à cultura da soja, de modo que é importante investir em qualidade do insumo;

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