Aprosoja Brasil aponta problemas climáticos e colheita atrasada

Levantamento nos principais Estados produtores aponta clima como o principal entrave da safra; produtores estão preocupados com alta do dólar para 2015/2016

A Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) divulgou nesta terça, dia 24, um balanço da colheita no país, ouvindo as associações estaduais que fazem parte da entidade.

Os produtores brasileiros tiveram nesta safra problemas com o veranico e, consequentemente, impactos ruins com a chegada de pragas nas lavouras. A falta de chuvas afetou alguma forma os principais Estados produtores. Mas, de maneira geral, ela causou perdas na produtividade e atraso no plantio e na colheita.

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Para o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, os problemas climáticos atrasaram a colheita nacional. Ainda, segundo Dalpasquale, a produção brasileira não deve chegar aos 95 milhões de toneladas devido aos problemas citados no desenvolvimento da lavoura.

– Se comparamos o percentual colhido até o momento, é menor do que o da safra passada, devido ao atraso no plantio. Já com relação a comercialização, era de se esperar que ocorresse mais lentamente, por conta das menores cotações da soja nos últimos meses. Acredito que a safra deve ficar entre 91 e 92 milhões de toneladas, principalmente por falta de chuvas em Goiás e agora no final, as chuvas tendem a aumentar problemas com ferrugem e de qualidade dos grãos colhidos – explica o dirigente.

Mato Grosso

Para o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk, o Estado irá aumentar sua produtividade devido ao aumento de 3,2% de área plantada.

– Este ano o Mato Grosso não irá chegar aos 28 milhões de toneladas previstos, devido aos problemas climáticos. Mas o estado continua com boa produção, ultrapassando os números da última safra, que foi de 26.441 milhões toneladas – projeta Tomczyk.

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Segundo ele, a colheita no estado já superou os 35%, enquanto a comercialização já atingiu os 55%.

Goiás

No Centro-Oeste, Goiás foi uma das principais regiões impactadas por conta da falta de chuvas. Segundo a Aprosoja-GO a quebra deverá ser de até 25%.

– Tivemos um forte atraso de plantio em função de poucas chuvas em Outubro, o que está impactando em nossas colheitas atuais e na diminuição da janela de plantio do milho safrinha – afirma presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz.

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A comercialização em Goiás está em 45%, no entanto o Estado colheu somente 22%. Outro dado da entidade é que a expectativa inicial era de produzir de 10 milhões de toneladas, sendo que hoje já se trabalha com cerca de 8,4 milhões de toneladas de soja, quase 6% menor que em 2013/2014.

Mato Grosso do Sul

O Estado já colheu mais de 34% da safra regional e a comercialização do grão, de acordo com dados da Aprosoja-MS, está em torno de 35%, número bem próximo do que já foi colhido no Estado.

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Para o presidente associação estadual, Maurício Saito, a safra 2014/2015 é considerada regular.

– Tivemos diferentes épocas de plantio, com um atraso de aproximadamente 18 dias, por conta da estiagem e agora vale salientar que estamos com excesso de chuvas nos últimos dias, o que tem dificultado a colheita e pode interferir na qualidade dos grãos – conta Saito.

Outros Estados

No Tocantins, estima-se que 10% da soja já foi colhida e cerca de 40% comercializada. No Maranhão os números são semelhantes. Nos dois Estados, segundo os dirigentes das Aprosojas, haverá perda de produtividade devido à falta de chuva e o atraso da colheita.

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Dólar

Sobre a alta do dólar, Almir Dalpasquale destaca que até agora foi muito bom para os negócios. Porém, ainda há o risco de novas elevações após a comercialização. Com isso, os custos de produção da próxima safra subiriam e poderão tirar a rentabilidade do produtor.

– Em outros anos nós vimos isso, o produtor compra insumos com cambio de R$ 3,00 e vende com o cambio de R$ 2,50 – reforça.

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O Brasil importa mais de 70% dos fertilizantes e defensivos utilizados na lavoura. A valorização da moeda americana impacta diretamente nos custos de produção. Mesmo outros insumos, como as sementes, acabam sendo reajustados com a alta do dólar, uma vez que também utilizam fertilizantes e defensivos na sua produção.

Soja Brasil, com informações da Aprosoja Brasil

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