Artigo: Estiagem e a população de plantas de soja

É importante para uma decisão impactante como esta, de replantar ou trocar a cultura, considerar o momento do estande médio das plantas

*Áureo Lantmann

A Expedição Soja Brasil esteve na cidade de Vera, no Mato Grosso, e várias lavouras de soja foram semeadas com atraso, se comparada com a janela ideal de plantio: de 15 de setembro ate meados de outubro. Lavouras semeadas nos últimos dias de outubro foram bastante afetadas pela longa estiagem. Em algumas localidades já são 40 dias sem chuvas.

A falta de umidade nos solos promoveu má germinação, com falhas nas linhas de semeadura e pouco desenvolvimento das plantas. Após 30 dias da semeadura, os agricultores estavam indecisos se replantavam, se passavam grade em todas as áreas afetadas e, em seguida, já semeariam o milho ou até arroz, por causa das grandes falhas de germinação que poderiam comprometer o rendimento.

• Veja o artigo anterior: Textura e adubação

É importante para uma decisão impactante como esta, de replantar ou trocar a cultura, considerar o momento do estande médio das plantas. A soja é uma espécie que apresenta grande plasticidade quanto à resposta ao arranjo espacial de plantas, variando o número de ramificações, de vagens, grãos por planta e o diâmetro do caule, de forma inversamente proporcional à variação na população de plantas. Não apresentando, por isso, na maioria das situações, diferença significativa em rendimento em uma faixa considerável de população de plantas e de espaçamento entre as fileiras.

Variações entre 200 a 500 mil plantas/ha, normalmente, não influenciam o rendimento de grãos ou o faz muito pouco, aumentando ou reduzindo, dependendo de diversos fatores. Na região de Vera um estande entre 200 a 250 mil plantas /ha vai expressar o potencial máximo produtivo.

Nas lavouras observadas durante a Expedição, verificamos falta de uniformidade nos estandes de linhas com quatro plantas por metro e até 18 plantas num espaçamento de 45 cm é provável que no final se tenha uma população final entre 200 a 240 mil plantas/ha e, desta forma, não haveria necessidade de replantio ou até abandono das lavouras desde que venha chover com normalidade.

*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013

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