Produção agrícola sustentável traz economia de 30%

Além disso, há ganhos de produtividade, recuperação de solo e redução de resistência de pragas

Sustentabilidade é um termo bastante usado por empresas de todos os setores, mas ainda com muito a avançar em termos gerais, garantem especialistas. Em resumo ela define ações e atividades que visam suprir as necessidades atuais, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ao que parece, tem muito sojicultor que já dá exemplo, colhendo em média mais de 65 sacas por hectare sem deixar as práticas sustentáveis de lado.

No agronegócio a sustentabilidade é entendida como o conjunto de todas as praticas agrícolas que permitem ao produtor ter rendimentos satisfatórios com o mínimo de impacto ao meio ambiente. “Estas praticas possibilitam que os agricultores continuem na atividade por anos, com boa rentabilidade e sem destruir o meio ambiente”, garante o professor da Universidade de Rio Verde em Goiás, Alessandro Guerra da Silva. “Inclusive, o tema sustentabilidade faz parte das discussões na sala de aula.”

Segundo o professor, o desafio diário do sojicultor é aumentar a produtividade, mas para isso é preciso se atentar àquilo que se coloca nas lavouras e o modo de manejar. Quando se fala em práticas sustentáveis, um bom exemplo é o sistema plantio direto, já bem conhecido pelo produtor rural. Mas, os especialistas alertam que algumas técnicas do sistema estão sendo esquecidas, como a rotação de culturas, por exemplo. “É preciso fazer a rotação de culturas, algo bem diferente que do que acontece por ai, que é a sucessão de culturas entre o milho e a soja”, conta o produtor rural Flávio Faedo.

Em sua propriedade, em Rio Verde (GO), a rotação de culturas já é realizada há 30 anos pelo menos. Por lá é notável a palha deixada pelo milho e pela braquiária. Além, da soja, ele ainda planta trigo como opção na rotação em pelo menos um terço da área todo ano. Na adubação Faedo tem experimentado aplicar, em parte do terreno, o pó de rocha. O plantio na propriedade foi concluído no dia 10 de outubro.

Conheça a técnica descrita pelo produtor:
Rochagem é opção barata para melhorar a fertilidade do solo

A diferença entre as plantas tratadas com adubação química e a rochagem é enorme. A planta tratada de forma mais natural está menor do que uma tratada com agroquímicos, o que gera dúvidas em todos que o fazem, mas segundo o Flavio, isso é uma vantagem, porque o estande da lavoura não fica tão fechado, antes do tempo, facilitando o manejo. “O entrenós fica mais curto mesmo. Isto é reflexo do processo da própria rochagem, porque a liberação do nutriente é mais lenta. A planta vai buscar este adubo próximo ao enchimento do grão”, explica Faedo. “Além disso, para facilitar o manejo, diminuímos a população de plantas de 20 para 15 por metro linear.”

Segundo o produtor rural a economia gerada pelo uso da técnica foi de um terço, pelo menos. “Além de reduzir os gastos com adubos, preservamos a microbiologia do solo, com menos adubação química. Também economizamos em sementes”, garante ele.

Esta técnica de rochagem foi apresentada durante o Fórum Soja Brasil, que também trouxe ao público outro procedimento milenar para recuperar os microrganismos do solo, a agricultura fermentativa. Esta se baseia no uso de bactérias naturais encontradas no ambiente da fazenda. “O uso errado dos produtos disponíveis foi matando as bactérias que eram nativas dos nossos solos e selecionando outras pragas, como os nematoides, que hoje é um problema na nossa região”, diz o produtor. “Na linha de plantio, jogamos estas bactérias junto, o que vai ajudar a repovoar este solo com microrganismos. Busco deixar tudo como antes, para ajudar a combater este tipo de praga, que está trazendo um aumento no custo de produção.”

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Com a implantação das técnicas sustentáveis, Faedo conseguiu economizar 30% nos gastos e manter a produtividade na soja de 65 sacas por hectare e no milho de 140 sacas. “O problema é a postura do agricultor, que se acomoda diante das alternativas que irão melhorar o desempenho no campo. O caso do produtor Flávio é uma exceção e mostra como é possível ganhar obtendo novos conhecimentos, ao invés de criticá-los sem tentar”, pondera o consultor técnico do projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann.