Lavouras de Patrocínio (MG) sofrem primeiros ataques da Helicoverpa armígera

Reclamação da produção local é a falta de um inseticida eficiente no combate ao inseto; ferrugem asiática também preocupa

Roberta Silveira | Patrocínio (MG)

Em Patrocínio, município mineiro que fica na região do Alto Paranaíba, a Expedição Soja Brasil encontrou uma grande presença de Helicoverpa armígera nas lavouras de soja. As plantas emergiram há um mês e já é grande a quantidade de insetos. Isso é um sinal de alerta para os produtores.

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Para o engenheiro agrônomo Fabrício Andrade Barbosa, o maior problema é a falta de um produto específico e mais eficiente para o controle da praga.

– Com quatro aplicações, a gente tiraria da lavoura. Hoje, se o clima não favorecer e não ajudar, a gente não vai conseguir os controles satisfatórios, essas aplicações podem chegar até sete pulverizações visando esta lagarta – comenta.

Em Minas Gerais não é permitido o uso de inseticida à base de benzoato de emamectina, produto que pode de ser usado em Estados que declararam emergência fitossanitária, como Bahia e Mato Grosso.

– É muito preocupante porque eu nunca tinha visto a soja recém-emergida com uma população tão alta de Helicoverpa como vi neste ano. Este produto (benzoato) seria de bom ganho para nós, de bom aproveitamento, para ter mais sucesso no controle da Helicoverpa – pede Barbosa.

Inspeção do engenheiro agrônomo Fabrício Andrade Barbosa encontrou a presença da Helicoverpa armígera, uma das principais pragas da cultura (Roberta Silveira/Canal Rural)
Inspeção do engenheiro agrônomo Fabrício Andrade Barbosa encontrou a presença da Helicoverpa armígera, uma das principais pragas da cultura (Roberta Silveira/Canal Rural)

O descumprimento do vazio sanitário, período em que não pode ter plantas vivas de soja no campo, também favorece o aparecimento de outro grande problema do sojicultor: a ferrugem asiática. No Estado, o período vai de 1º de julho até 30 de setembro. A doença causada pelo fungo pode gerar grandes danos às lavouras mineiras.

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– Minas Gerais plantou mais tarde, o potencial de inóculo permaneceu durante o ano na nossa região. O potencial de inóculo que vem do Mato Grosso e da Bolívia vai pegar o produtor de surpresa. O agricultor que não se atentar em fazer aplicações preventivas, usando produtos de qualidade, como carboxamida, que está dando um resultado muito bom, pode ter prejuízo com a ferrugem este ano. Coisa que não estávamos acostumados a ter tão precocemente em Minas Gerais – explica o engenheiro agrônomo.

Problema com milho voluntário RR

Andando pela lavoura do sojicultor Francisco Gonçalves da Silva é possível ver vários pés de milho. Antes do cultivo da soja RR, havia o milho RR, ambos são resistentes ao herbicida glifosato. Isso dificulta bastante a eliminação desse milho voluntário da lavoura de soja, o que faz aumentar os custos e, também, com que os produtores pensem melhor para ver se vale a pena mesmo fazer essa opção do planto do milho RR.

– A minha ideia no ano que vem é não plantar nenhum pé de RR. Voltar no convencional de novo. Porque tem o problema da lagarta, tem, mas a gente também controla a soqueira dele depois bem melhor, bem mais fácil. Já para o milho safrinha (a troca de cultivares) – afirma o produtor rural.

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Silva era agricultor no Paraná, mas deixou o Sul do país para produzir em Minas Gerais. Ele foi o primeiro na região de Patrocínio a apostar na soja de ciclo precoce, com até 110 dias. A persistência dele deu certo.

– Quando eu cheguei aqui, o pessoal falava que não podia plantar soja precoce porque a chuva não deixaria colher. Eu arrisquei, comecei a plantar aos poucos, fui trazendo variedades lá do Paraná. Fui plantando e deixando tempo para plantar o milho safrinha. Comecei a plantar milho safrinha também. Hoje a safrinha é uma realidade na nossa região – lembra Francisco Gonçalves da Silva.

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