Safra recorde é ruim para os preços, mas não para o país, garante especialista

A queda nas cotações da soja tem deixados muitos produtores receosos quanto a rentabilidade da temporada. Mas, existe um lado positivo nesta grande produção?

Carol Guedes, de São Paulo
A safra de soja recorde esperada no país tem preocupado os produtores. Para eles, os preços que já estavam baixos, tendem a cair ainda mais com a confirmação de produção maior. Por outro lado, a consultoria Agroconsult estima que este volume ajudará a economia brasileira.

Não há uma perspectiva sobre a safra de soja sequer que não tenha mudado desde inicio da temporada até hoje. Todas as consultorias e entidades, oficiais ou não, já revisaram suas estimativas. Até o momento, os números apresentados pela Agroconsult foi o maior já registrado, algo em torno de 113 milhões de toneladas, alta superior a 18% ante 2015/2016.

Se confirmado isso representará uma produtividade média incrível de 55,8 sacas por hectare. Muito acima das 47,8 obtidas na temporada anterior, ou que o melhor resultado já conseguido no país, na safra 2010/2011, quando foi registrado 51,9 sacas por hectare na média. “Desde esta temporada 2010/2011 não tínhamos um comportamento tão bom do clima. Com isso, os produtores puderam usar todo seu conhecimento em manejo e tecnologias disponíveis em prática nas lavouras. Fizeram, o que já vem fazendo nos últimos anos, só que o clima não deixava aparecer todo este potencial”, garante o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessoa.

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Se por um lado há o otimismo por conta desta grande produção, por outro os produtores demonstram preocupação com a comercialização desta safra. Para Pessoa, aqueles que já negociaram alguma coisa, pelo menos o suficiente para travar os custos devem ter cautela para vender o restante. “Acho que o produtor deveria ter cautela agora, porque tem alguns fatores no mercado hoje, que são negativos, mas podem mudar. O câmbio está muito baixo, mas não se sabe se irá permanecer nesse nível por muito tempo”, explica ele. “Os americanos sinalizaram sobre a possibilidade de ampliar a área semeada com soja, mas ainda nem começou e o clima pode mudar esta perspectiva.”

Segundo o consultor, o produtor que não vendeu ainda tem tempo para fazer a comercialização. “Tem muito produtor, sobretudo no Sul do Brasil, que não vendeu praticamente nada. Eu diria estes carregam um risco maior de ter os reflexos dos atuais momentos de preços em queda, sobre a sua rentabilidade. Mas, ainda há uma janela de tempo suficiente para que possam fazer essa comercialização da soja. Tem uma janela até metade do ano que podem fazer uma comercialização mais lenta”, ressalta Pessoa.

Se para o produtor o momento é de receio com esta grande safra, para o país o impacto desta safra recorde deve ser muito positiva. “Nós estimamos que só a soja vai garantir 0,4% de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB). Se analisarmos que a estimativa de crescimento deste quesito é de 0,5%, isso significa que boa parte deste incremento virá do crescimento da safra de soja no Brasil”, finaliza o consultor.

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