Soja Brasil: Falta de previsibilidade dará o tom desta safra

Primeiro evento do Projeto Soja Brasil desta safra destaca que o produtor terá que ficar atento as variações de clima, preço e seguro rural

Foi uma verdadeira festa! O 1º Fórum Soja Brasil para a safra 2016/2017, que aconteceu em Cascavel (PR), trouxe aos convidados presentes e internautas, que acompanharam a transmissão ao vivo pela internet, uma enxurrada de informações importantíssimas para a próxima safra de soja. O tema escolhido para este ano “Custos de Produção: Clima e Perspectivas de Mercado” não poderia resumir melhor o foco que o produtor precisa ter. Mais de 500 pessoas participaram das palestras sobre as tendências para a soja no ciclo que se inicia.

O clima, mais uma vez, foi um dos temas principais do evento, que contou com informações da meteorologista da Somar Desireé Brandt. Segundo ela, diversos institutos de meteorologia estão apontando um La Niña fraco para a próxima safra. Esse fenômeno deve ajudar algumas regiões brasileiras, entre elas o Matopiba, com chuvas mais regulares e volumosas. “O clima pode até não ser perfeito, mas ajudará os produtores do Nordeste, que sofreram com a seca este ano”, conta a meteorologista.

Já as regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas podem demorar para se regularizar, entretanto assim que se configurarem serão mais frequentes. “Dificilmente teremos longos períodos de estiagem como vimos na safra passada. Ou seja, acredito em um cenário climático positivo para o Nordeste e Centro-Oeste. Já o Sul pode sofrer um pouco mais, mas, como choveu bastante por lá nesta safra, pode ser que o impacto da estiagem esperada não seja tão forte”, garantiu ela.

Ainda no mesmo painel, o analista de mercado, Paulo Molinari, da Safras & Mercado comentou sobre a tendência dos preços para a próxima safra. Com a previsão de uma safra norte-americana de soja e milho mais alta, os preços internacionais dessas commodities caíram. Entretanto, as cotações poderão se recuperar ao final da colheita dos Estados Unidos e se manterão em patamares elevados caso seja confirmada a influência de um La Niña na safra da América do Sul, contou o analista Paulo Molinari.

Ele explicou que o La Niña pode trazer estiagens à Argentina e ao Rio Grande do Sul, elevando os preços no período. Além disso, Molinari ressaltou que o câmbio brasileiro pode melhorar muito, a partir da definição da política brasileira. “O câmbio brasileiro pode melhorar em agosto, com a definição deste novo governo. Se os juros americanos aumentarem e os nossos diminuírem, o câmbio brasileiro ficará muito favorável”, afirmou o analista da Safras & Mercado.

O evento, que em diversos momentos fez sua plateia se erguer para aplaudir, viu na palestra sobre seguro rural o auge. Analistas concordaram que o país precisa de mudanças urgentes no seguro rural.
Segundo Ângelo Gemignani Sobrinho, do Instituto Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio (IBDAGRO), o primeiro passo para melhorar o seguro rural no país, é transferir a subvenção dada pelo governo a captação de crédito, para o seguro rural, que hoje tem um papel mais importante para o produtor. “Hoje, o produtor tem muitas maneiras para financiar sua safra, como as tradings, seguradoras, bancos privados, empresas de insumos etc”, afirma Sobrinho. “Entretanto, não consegue fazer o seguro, que lhe garantiria em caso de perdas.”

Já o consultor de seguros Luiz Roberto Foz, acredita que além desse problema o produtor sofre com a falta de previsibilidade sobre os seguros atuais, que prometem uma determinada quantia de subvenção, e depois muda as regras para captação. “Nós temos programas do governo, não de governo. A cada troca de mandato tudo muda. Não há segurança nas regras que ai estão”, comentou ele

Por fim, ambos os analistas concordam, inclusive, que as seguradoras não ajudam os produtores como deveriam, já que cada uma trabalha com um produto diferente, que muitas vezes não discriminam culturas ou regiões. “Das onze seguradoras que prestam serviços ao campo, somente três têm seguro de renda, o que é pouco, já que este é um item importante para garantir o produtor”, diz Foz.

Para completar a festa, o 1º Fórum Soja Brasil, escolheu a data de 28 de julho para seu evento, por se tratar também do dia do agricultor, e com isso, presenteou a todos com modas de violas antigas interpretadas pelo cantor Rodrigo Freitas.