Chineses podem ampliar compras de soja do Brasil em 2017

Alteração na política econômica mundial, devido à eleição de Donald Trump nos EUA, trará uma série de desafios para o agronegócio brasileiro no próximo ano

As promessas de governo realizadas por Donald Trump durante sua campanha eleitoral devem ser cumpridas a risca. Pelo menos é o que anunciou o futuro presidente dos Estados Unidos através de comunicados realizados recentemente. Com isso, uma possível taxação às exportações para a China criou uma espécie de frenesi entre as tradings do país asiático, que foram às compras em busca de soja, para garantir fôlego para o primeiro trimestre do ano que vem. Este fato tem mantido a demanda pela commodity aquecida e contribuído para a manutenção dos preços pagos pela oleaginosa na Bolsa de Chicago, garante o analista de mercado da consultoria Safras & Mercado Paulo Molinari.

“Na verdade, com a entrada de Trump na Casa Branca, toda a lógica da política econômica global deve mudar no ano que vem. Desde acordos bilaterais entre os Estados Unidos e seus parceiros até tarifas para comercialização de produtos”, explica Molinari. “Isso retorna àquele velho quadro, em que as medidas tomadas pelos americanos serão boas apenas para eles.”

Na opinião do analista existem boas chances de estes fatos refletirem no Brasil também, ainda mais com uma provável elevação nos juros dos EUA os juros e desvalorização do Real. “Será um ano diferente, não poderemos raciocinar como nos últimos 15 anos”, garante Molinari. “Isso pode aumentar os custos dos insumos e dos combustíveis, por exemplo.”

Mas também existe uma chance de esta movimentação trazer frutos ao país. Os chineses, descontentes com a tarifação americana, podem ampliar as compras da soja brasileira. “Isso pode elevar o prêmio pago pelo produto do país e gerar bons lucros aos produtores. Mas, como disse antes, é difícil saber o que vai acontecer, recomendo o produtor aproveitar as oportunidades anteriores para garantir algumas vendas”, recomenda ele.

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Este baixo volume das vendas antecipadas de soja pelos produtores do Brasil, que aguardam preços ainda mais remuneradores, tem preocupado o analista. “Se o clima complicar e as perdas forem grandes, existe uma chance dos preços ficarem ainda maiores que hoje. Mas, é arriscado”, diz. “Hoje, com a soja sendo oferecida a US$ 10,7 o bushel em Chicago, com cambio a R$ 3,40, está confortável para venda”, conta Molinari.

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