Produtores de São Gabriel do Oeste (MS) querem desocupação de armazéns com milho já comprado

Grão foi adquirido pelo governo federal e continua estocado; estimando grande produção, sojicultores pedem espaço para armazenar a oleaginosa

Fernanda Farias | São Gabriel do Oeste (MS)

Em São Gabriel do Oeste, cidade a 137 km de Cuiabá, os produtores pedem que o governo federal desocupe os armazéns da cidade, que estão lotados com milho da segunda safra. O grão foi comprado, mas continua armazenado. Com a previsão de excelente safra na região, não há espaço para guardar toda a produção.

Otimismo com a safra, mas preocupação com a colheita. A capacidade de armazenagem do município está completamente comprometida. São 300 mil toneladas de milho que foram colhidas na última safrinha e que estão armazenadas. Por isso, muitos produtores não sabem onde vão guardar toda a soja que será colhida em 2015.

O presidente do Sindicato Rural da cidade, Julio Bortolini, afirma que uma parte do grão armazenado foi comprada pelo governo federal. Faltando quatro meses para colheita, o dirigente cobra uma solução.

– Vamos ver com o Ministério da Agricultura como eles vão remanejar os produtos que foram adquiridos em leilão, porque o governo adquiriu e deixou na própria unidade que armazenou e está pagando. Vamos pedir para retirarem esses produtos comprados. Assim já começa a abrir espaço – reforça Bortolini.

• No sudoeste de MS, produtores trabalham dia e noite para garantir o plantio de soja

O agricultor Jonis Assmann lista outras duas possibilidades para o produtor não depender apenas da armazenagem pública.

– A gente não tem capacidade para guardar toda essa produção, conseguindo fazer uma boa produção. A opção que a gente tem é fazer vendas antecipadas e, também, a opção do silo bolsa – comenta.

Pedro Roque Marteli é sojicultor e costuma dizer que tem ouro na fazenda. A joia é o silo próprio que armazena até 180 mil sacas. É metade do que ele produz entre soja e milho, mas já ajuda. O armazém dele também está cheio. O motivo é que o milho não paga seus custos.

– Do que eu vendi, sobrou pouco para mim. Vamos tentar negociar a R$ 18,00 ou R$ 19,00 e vamos ver. Eu sou obrigado a vender para desocupar o barracão, senão eu não coloco a nova safra de soja – explica.

Lavouras com ótimo desenvolvimento

A preocupação com a colheita não é por acaso. O plantio de soja em São Gabriel do Oeste está indo muito bem. Nos 11 municípios do Centro-Oeste que a Equipe 1 da Expedição Soja Brasil passou até agora, a situação era bem semelhante: o atraso no plantio por causa da estiagem de outubro vai comprometer a produtividade da soja.

Só que no município sul-mato-grossense o cenário se mostra oposto. São Gabriel do Oeste possui a maior produtividade de Mato Grosso do Sul, e deve ter uma safra melhor ainda em 2014/2015.

– Para São Gabriel, vai ser uma produção história. Este ano devemos passar de 3.600 kg por hectare, muito por causa desse período, que é a melhor época do plantio – explica Julio Bortolini.

O produtor Jonis Assmann está otimista com o desenvolvimento da soja neste início de safra (Fernanda Farias/Canal Rural)
Jonis Assmann está otimista com o desenvolvimento da soja neste início de safra (Fernanda Farias/Canal Rural)

Jonis Assmann já cultivou metade dos seus 1.500 hectares. Ele explica que a soja plantada agora vai receber mais luminosidade durante a floração, que ocorre entre os meses de dezembro e janeiro.

– Se o clima ajudar e a gente conseguir controlar os problemas que surgirem, como helicoverpa, a ferrugem, a gente tem perspectiva de produtividade acima do ano passado. Nós esperamos chegar a 65 sacas por hectare – ressalta.

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