Tudo o que você precisa saber sobre adubação na soja

Soja Brasil ouviu a Embrapa Soja para explicar a importância do insumo na cultura da soja e o que deve ser levado em conta na hora de investir

Em uma safra a gestão dos custos é considerada a principal preocupação para aumentar as margens de lucro. Saber quais são os itens fundamentais para não afetar a produtividade é a prioridade. Normalmente, um dos primeiros itens na lista de corte do sojicultor é a adubação, mas, se mal feita, pode acabar prejudicando o resultado final.

Para ajudar o agricultor a entender a importância da adubação e auxiliá-lo na tomada de decisão, o Soja Brasil ouviu o pesquisador da Embrapa Soja Adilson de Oliveira.

Por que é necessário adubar?

O pesquisador da Embrapa explica que a adubação é fundamental para incrementar a produtividade de culturas como a soja, principalmente em solos tropicais, que é típico das principais regiões produtoras de alimentos no Brasil.

O fertilizante corrige e aumenta os nutrientes necessários para que a planta da soja possa absorver e ter bom desempenho com produtividade alta. “A relação entre o fertilizante e a produtividade é direta, pois as características naturais dos solos não dispõem da quantidade necessária de nutrientes para assegurar altos índices produtivos”, conta pesquisador da Embrapa Soja Adilson de Oliveira.

Quais são os nutrientes necessários no solo?

O produtor deve levar em consideração os níveis dos nutrientes essenciais que são comumente avaliados direta ou indiretamente na análise de solo: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, zinco, boro, cobre, magnésio, manganês, ferro, entre outros.

Os nutrientes que a soja mais absorve do solo são fósforo, potássio e enxofre, são os que mais vão precisar de reposição. Tem também o nitrogênio, mas ele pode ser introduzido através da inoculação

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O agricultor deve considerar também os parâmetros que interferem na disponibilidade e retenção dos nutrientes (pH, CTC, textura) e aqueles que afetam o desenvolvimento das plantas (exemplo: alumínio).

O ideal é que o produtor tenha uma boa assistência técnica, para que ele possa confiar a interpretação dessas informações a um engenheiro agrônomo, que vai ientificar os níveis adequados de nutrientes e a necessidade de cada talhão.

Existe a ‘poupança de solo?

Os solos possuem capacidade variável de retenção de nutrientes, portanto é possível sim ter uma “poupança ou reserva” de nutrientes à medida que se constrói a fertilidade do solo. No entanto, o tamanho desta reserva depende de fatores do próprio solo (CTC, teor de argila) e do manejo adotado pelo produtor, como o plantio direto adequadamente realizado.

A avaliação da “poupança de solo” depende de uma análise criteriosa dos índices apontados na análise de solo. O pesquisador da Embrapa Soja lembra que com os devidos critérios técnicos, é possível utilizar essa reserva de nutrientes sem comprometer a produtividade da soja. “Para construir a fertilidade do solo se leva muito tempo, não é de um dia para o outro, ou de uma safra pra outra. Assim como o uso desta “reserva”, num momento de alta dos preços dos fertilizantes, não irá “zerar” numa só safra, muito embora esta prática não seja a ideal”, afirma Adilson de Oliveira.

Cortar a adubação é o melhor caminho?

Como a adubação possui uma relação direta com a produtividade, é importante que o produtor busque a racionalização da adubação nos tempos de crise, mas sem perder a força produtiva da soja. É importante buscar por produtos mais eficientes e práticas que permitam evitar desperdícios de nutrientes e perda de eficiência no momento da aplicação.

Adilson de Oliveira, da Embrapa Soja, considera um tiro no pé, o produtor abrir mão da adequada adubação. Como dito anteriormente, ele reforça que construir um solo produtivo leva anos e que fazer a manutenção dos nutrientes sai mais barato do que ter que repor/corrigir a deficiência de um ou mais nutriente em outro momento.

É importante que o produtor encare a escolha de fertilizantes como investimento e procure obter a melhor relação custo-benefício. Evitar desperdícios e otimizar as operações de distribuição do fertilizante são fundamentais, especialmente quando realizadas em conjunto com a semeadura.

Adubação técnica

Por fim, a principal orientação do especialista da Embrapa Soja é para que o agricultor faça uma adubação técnica, respeitando ao máximo o que diz a análise de solo e as indicações técnicas para a cultura. Em um solo devidamente corrigido, não é necessário exagerar na adubação para se aumentar a produtividade, mas, apenas repor o que a cultura retira (exporta) do solo com os grãos.

Segundo Oliveira, na análise de solo, o produtor vai ver se os níveis estão críticos ou acima do teor adequado. “Em cima disso, o produtor verá a necessidade de adubação, diante de uma análise criteriosa dos nutrientes. Se os níveis estão altos, apenas a manutenção dos nutrientes é necessária”, afirma ele.

Adubação é tema da Caravana Soja Brasil

Este assunto foi, inclusive, um dos destaques da Caravana Soja Brasil da safra 2016/2017, que aconteceu em Campos de Julio (MT), no dia 12 e 13 de setembro. A gestão de adubação é uma das formas de reduzir custos sem comprometer a produtividade, garante Áureo Lantmann, consultor técnico do projeto Soja Brasil.

Dependendo da safra, surge uma situação ou outra que pode surpreender e fazer com que o produtor mude os procedimentos habituais. E para isso é preciso ter planejamento. Na fazenda de um dos participantes da Caravana, Jadson Dors, uma mudança de clima severa levou o experiente sojicultor a fazer o que os especialistas chamam de gestão de adubação.

Por lá são três safras e a última de feijão, que está acabando de ser colhida, o índice de fósforo diminuiu, mas não acabou.. “Nas análises foliares que foram feitas deu excesso de fósforo. Mas isso é uma coisa que já estava programado para plantar com 120 de fósforo no solo do feijão em cima do pivô e agora vai acabar reduzindo pra 80 pontos”, conta o agricultor.

Com isso, ele conseguiu reduzir a adubação em 30% do fósforo e potássio sem comprometer o rendimento. Isso é um caso típico de gestão da tecnologia pra melhorar o desempenho da fazenda, conta Lantmann.

Veja a entrevista completa abaixo: